Ana Cláudia G. R. de Almeida – Coordenadora da Comissão Científica da VI Bienal
Em 1932, num diálogo que ficou conhecido como “Por que a guerra?” Eisntein e Freud, debatem sobre as inquietações de seu tempo/nosso tempo, considerando o movimento das pulsões de vida e de morte, a partir do qual se constitui a própria existência humana. Humanamente possível.
Davi Kopenawa e Bruce Albert, um xamã-narrador e um etnólogo escritor também nos trazem inquietações semelhantes em “Queda do céu”. Tratam da ameaça humana ao planeta que pode inviabilizar a sobrevivência da espécie. Humanamente impossível.
Hanna Segal em seu livro Psicanálise, Literatura e Guerra, defende o compromisso ético dos psicanalistas diante das ameaças à vida humana, compromisso em colaborar para a melhor compreensão dos mecanismos psíquicos envolvidos na fúria desmedida da agressividade humana.
Em pequenos recortes, numa espécie de voo panorâmico pelas pesquisas para elaboração do programa científico cultural da VI Bienal de Psicanálise e Cultura de Ribeirão Preto, trago o trabalho realizado pelas comissões científica e cultural responsáveis pela tarefa, um grupo de oito mulheres, artesãs da psicanálise, que inspiradas em referências expressas pelos diálogos acima desfiaram os fios por eles apresentados e com os mesmos fios procuraram tecer uma nova rede em direção à “HUMANIDADES POSSÍVEIS”.
Propondo um programa integrado científico-cultural, a rede se constituiu, iniciando com reflexões justamente sobre a dança das pulsões e quem sabe “Uma possível pulsão de humanidade”, se desdobrando em “Novas Considerações sobre a pulsão de morte”. As conversas seguem sobre “Humanidades Silenciadas”, investigando os movimentos histórico-sociais de apagamentos de toda uma ampla produção cultural da intelectualidade negra no Brasil. Amanhecendo num encontro para pensar nossa relação com o planeta em “Humanidades possíveis e o planeta Terra”, seguindo com a pergunta atemporal “Por que, ainda, a guerra?” e alcançando “O que ela sussurra” que nos apresenta o sussurro poético de esperança que sobrevive entre guerras. Encerrando com um debate e o desejo de que a potência do encontro ajude a sustentar o céu sobre nossas cabeças.
Aqui nossa proposta de itinerário para a VI Bienal – Humanidades Possíveis. Contamos com sua presença, até lá!