VI Bienal

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Bienal 2008
Apresentação

I Encontro Bienal de Psicanálise e Cultura da Sociedade Brasileira de Psicanálise de Ribeirão Preto

5 a 8 de junho de 2008

 

ALMA, ESTÁS AÍ?(*)

ONIPOTÊNCIA E DESAMPARO DO HOMEM EM TRAVESSIA

*Julia Kristeva

 

A relação Psicanálise  Cultura assim representada põe em destaque o intercâmbio de influências recíprocas e contínuas que se dá entre cultura e psicanálise.

 

Freud (1930) se referiu à cultura como a totalidade das realizações e regulamentos que servem, basicamente, a dois objetivos: proteger os homens contra a natureza (através das descobertas, do conhecimento científico e dos avanços tecnológicos) e modular os seus relacionamentos entre si. Isto equivale a dizer que o homem está moldado por sua cultura e não pode ser entendido sem levarmos em conta o contexto histórico e sócio-cultural em que está inserido.

 

A Psicanálise sempre esteve em contato com os desenvolvimentos do pensamento humano, utilizando modelos advindos da biologia, da neurofisiologia, da física quântica, da filosofia, da literatura, da mitologia, entre tantos. Por outro lado, é inegável a influência que a psicanálise exerceu na cultura do século XX, bastando lembrar a importância do papel constitutivo das noções psicanalíticas em áreas como as da educação e da saúde mental. Historicamente, a Psicanálise pertence à tradição científica da liberação do pensamento em relação aos dogmas e às verdades absolutas. Em sua função crítica e reflexiva, ela questiona a cultura e termina por alterar os paradigmas vigentes; a cultura, por sua vez incorpora as contribuições trazidas pela psicanálise e as modifica novamente, e o interjogo cultura  psicanálise não cessa!

 

O instigante título inspirado em Júlia Kristeva, Alma Estás Aí?, chama nossa atenção para a questão da interioridade, da intimidade, da identidade e do espaço lúdico para o sonhar, o fantasiar, o reinventar-se diante dos desejos e frustrações… em contraponto ao individualismo narcisista, a tendência à massificação e à negação das diferenças.

 

Machado de Assis, no conto “O Espelho”, aborda essa questão ao dizer que cada criatura humana traz consigo duas almas: uma que olha de dentro para fora, outra que olha de fora para dentro. Ele diz que a alma exterior, pode ser um homem, vários homens, um objeto, e que o ofício dessa alma é transmitir a vida como a primeira. As duas completam o homem, e quem perde uma delas perde metade da existência.

 

Onipotência e Desamparo do Homem em Travessia

 

O homem contemporâneo, imerso numa cultura que instaurou a relativização das verdades e gerou avanços tecnológicos incríveis, passou a viver num mundo extremamente competitivo e onde tudo é descartável; um mundo em que predominam as realidades virtuais, em que incontáveis informações chegam quase que em tempo real. Assim, não há espaço para a relação inter-pessoal, para o pensar reflexivo acerca de si mesmo e, portanto, para a elaboração das experiências emocionais. O resultado de um processo cultural como esse é a solidão e frequentemente o desamparo… terreno fértil para o surgimento da onipotência como forma de sub-viver.

 

Por isto, este homem da pós-modernidade, cada vez mais envolvido com a imagem externa, com o concreto, com o TER em lugar do SER não quer limites, não tolera aguardar, não quer ter frustrações e muito menos dor!

 

Voltando a Machado de Assis: corremos o risco de perder a alma de dentro? O I Encontro Bienal Psicanálise e Cultura da SBPRP, ao promover o diálogo da psicanálise com várias outras áreas do saber humano – literatura, filosofia, música, artes plásticas, arquitetura, gastronomia – constitui-se um fórum privilegiado para sairmos da perplexidade frente a este mundo complexo e continuarmos pensando novas formas, novas abordagens, novos modelos que favoreçam a construção da subjetividade!

 

Pedro Paulo de Azevedo Ortolan

Presidente da SBPRP

A pergunta “Alma, estás aí?”(*) evoca a dúvida sobre o destino da interioridade do Homem na travessia desse início de século. Um Homem com poderes ampliados por novas tecnologias que aceleram o tempo, eliminam distâncias, facilitam comunicações e lhe conferem possibilidades ilimitadas de criações. Esse Homem poderoso está também diante da escassez de tempo e espaço para reflexão, interiorização, intimidade consigo e com o outro – esses, elementos de poiesis, construtores da alma. Assim, sentimentos de onipotência oscilam com sentimentos de solidão, medo e desamparo.

 

No I Encontro Bienal de Psicanálise e Cultura da SBPRP, estarão reunidos profissionais pensadores da experiência humana – o psicanalista, o artista plástico, o músico, o literato, o cineasta, o arquiteto, o professor, o restaurateur, o filósofo, o sociólogo, o poeta – para exporem suas reflexões sobre esse momento da humanidade. Ouvi-los, pensar e conversar com eles será certamente um privilégio, além de uma oportunidade para “alimentar” a alma.

 

Falando em “alimento para a alma”, Adélia Prado, poeta que fará a conferência de abertura do evento, nos diz em seu Ensinamento:

 

Minha mãe achava estudo

A coisa mais fina do mundo.

Não é.

A coisa mais fina do mundo é o sentimento.

Aquele dia de noite, o pai fazendo serão,

Ela falou comigo:

“Coitado, até essa hora no serviço pesado.”

Arrumou pão e café, deixou tacho no fogo c om água quente.

Não falou em amor.

Essa palavra de luxo.

 

 

Objetivos

 

O I Encontro Bienal de Psicanálise e Cultura da SBPRP tem por objetivo geral apresentar a Psicanálise em diálogo com diversos segmentos da cultura – artes plásticas, literatura, música, cinema, educação, filosofia, urbanismo – considerando-se que a Psicanálise, como área de conhecimento sobre o ser humano, encontra-se em permanente comunicação com a cultura, gerando influências recíprocas.

 

Como objetivo mais específico, pretende-se oferecer a profissionais e estudantes da área de ciências humanas e de saúde a oportunidade de ampliar e aprofundar reflexões sobre características da vivência humana nesse início de século, contemplando as principais angústias geradas nesse momento histórico – cultural. Espera-se ainda que o Encontro contribua para atrair à Ribeirão Preto profissionais e estudantes de várias regiões do país, uma vez que se trata de um evento de interesse nacional.

 

Tema

 

O I Encontro Bienal de Psicanálise e Cultura da SBPRP abordará questões e reflexões sobre o sentimento de desamparo presente no homem da pós – modernidade. Esse homem que se encontra às voltas com transformações profundas em seus meios de produção, comunicação e construção de conhecimentos, com repercussões proporcionalmente intensas em sua subjetividade e em seu conviver. Esse homem que oscila entre o sentimento de desamparo e a ilusão da onipotência nas incertezas e inseguranças inerentes à travessia.

 

Formato

 

O Encontro iniciará com uma conferência de abertura da escritora Adélia Prado no dia 5/6, quinta-feira à noite e prosseguirá nos dias seguintes, sexta, sábado e domingo, com a realização de dez mesas redondas. As mesas serão compostas por profissionais de diferentes segmentos da cultura e por psicanalistas. O encerramento será no dia 8 com uma conferência do psicanalista Leopold Nosek e a presença de Cláudio Laks Eizirik presidente da IPA (International Psychoanalysis Association). Serão programadas também apresentações culturais durante o Encontro – música, dança, teatro.

 

Exposição de arte

 

Paralelamente às discussões e como parte integrante do evento, haverá uma exposição de arte sobre o tema do Encontro (desamparo e onipotência do homem em travessia) que reunirá obras de artistas contemporâneos nacionais, com curadoria de Leopold Nosek, psicanalista e curador de arte.

 

Maria Bernadete Amêndola Contart de Assis

 

Diretora Científica da SBPRP

Programa

5 de junho – quinta-feira

 

14h00 às 19h00 – Entrega de credenciais e inscrições (caso haja vagas)

Local: CENTRO DE CONVENÇÕES DE RIBEIRÃO PRETO – Rua Bernardino de Campos, 999, Ribeirão Preto, SP

20h00 – ABERTURA – Local: THEATRO PEDRO II – Rua Álvares Cabral, 370, Ribeirão Preto, SP

20h30 – APRESENTAÇÃO MUSICAL – Ensemble do Departamento de Música da USP, Ribeirão Preto

Direção Artística de Rubens Ricciardi, Professor Titular do Departamento de Música – USP, Ribeirão Preto

Viola Caipira – Solista Gustavo Costa

21h00 – CONFERÊNCIA – O HOMEM EM TRAVESSIA – Adélia Prado: Poeta

 

6 de junho – sexta-feira

 

Local: CENTRO DE CONVENÇÕES DE RIBEIRÃO PRETO – Rua Bernardino de Campos, 999 – Ribeirão Preto/SP

8h30 – Recepção Musical (conjunto de jazz)

Marcelo Doval Toledo Prado – Sax

José Luiz Zambianqui – Piano

  • MESA I

9h00 às 10h30 – URBANISMO – PSICANÁLISE – O SUPORTE É A LINHA DO HORIZONTE

9h00 – Guilherme Wisnik: Arquiteto, Ensaísta, Professor da Universidade Anhembi Morumbi e da Escola da Cidade

9h30 – Claudio Rossi: Psicanalista, Membro Efetivo da SBPSP e Presidente da Federação Brasileira de Psicanálise (FEBRAPSI)

10h00 – Discussão

10h30 às 11h00 – Café

  • MESA II

11h00 às 13h00 – FILOSOFIA – LITERATURA – PSICANÁLISE – A VIOLÊNCIA DA ENCRUZILHADA DE TEBAS

11h00 – Marilza Nutti Savioli: Trabalha em Filosofia

11h30 – Haquira Osakabe: Professor Aposentado de Lingüística e Literatura, da UNICAMP (in memorian)

12h00 – Nelson Montag: Psicanalista, Membro Efetivo e Analista Didata da SBPSP

12h30 – Discussão

  • MESA III

14h30 às 16h00 – CINEMA – PSICANÁLISE – O FOCO DA IMAGEM REAL ARRASA A IMAGINAÇÃO DESFOCADA

14h30 – Yudith Rosenbaum: Professora de Literatura Brasileira da USP-SP, Psicóloga e Ensaísta

15h00 – Ugo Giorgetti: Cineasta

15h30 – Discussão

16h00 às 16h30 – Café

  • MESA IV

16h30 às 18h00 – EDUCAÇÃO – DE QUE AMANHÃ SE TRATA?

16h30 – Marisa Giannecchini: Gonçalves de Souza: Doutora em Semiótica e Estudos Literários, Pesquisadora UNESP, USP, PUC e Faculdade de Ciências Políticas de Paris

17h00 – Lino de Macedo: Professor Titular de Psicologia do Desenvolvimento do IPUSP

17h30 – Discussão

18h00 às 19h00 – CORO CÊNICO – BOSSA NOSSA

 

7 de junho – sábado

 

  • MESA V

8h30 às 10h00 – ÉTICA – PSICANÁLISE – O QUE SE DIZ E O QUE (NÃO) SE ENTENDE

8h30 – Clovis de Barros Filho: Professor de Ética e Comunicação da ECA – USP e da ESPM

9h00 – Cláudio Cohen: Psicanalista, Membro Associado da SBPSP e Professor de Bioética da FMUSP

9h30 – Discussão

10h00 às 10h30 – Café

  • MESA VI

10h30 às 12h30 – LITERATURA – ARTES PLÁSTICAS – PSICANÁLISE – RE-TRATO AB-SOLVIDO EM TRANS-POSIÇÕES

10h30 – Nádia Battella Gotlib: Professora de Literatura da USP

11h00 – Sérgio Fingermann: Artista Plástico

11h30 – João Frayze-Pereira: Psicanalista, Membro Associado da SBPSP e Professor de Estética e

Psicologia da Arte da USP- SP

12h00 – Discussão

  • MESA VII

14h30 às 16h30 – MÚSICA – PSICANÁLISE – NOTA FUNDAMENTAL

14h30 – Luiz Tatit: Músico, Professor Titular do Departamento de Lingüística da USP-SP

15h00 – José Miguel Wisnik: Compositor, Professor de Literatura Brasileira na USP e Ensaísta

15h30 – Ignácio Gerber: Psicanalista, Membro Efetivo da SBPSP e Músico

16h00 – Discussão

16h30 às 17h00 – Café

  • CONFERÊNCIA

17h00 às 18h30 – PSICANÁLISE – ESSE HOMEM ONIPOTENTE ↔ DESAMPARADO

17h00 – Luiz Carlos Uchôa Junqueira Filho: Psicanalista, Membro Efetivo e Analista Didata da SBPSP

18h00 – Discussão

18h30 às 19h00 – Dança Vida – “Corpos de Luz”

19h00 às 21h00 – Happy Hour com a apresentação da Banda Àrials

 

8 de junho – domingo

 

  • MESA VIII

8h00 às 10h00 – GASTRONOMIA – SOCIOLOGIA – PSICANÁLISE – COMER, BEBER, VIVER

8h00 – João Roberto Pereira Silva: Restaurateur e Colunista do Jornal Gazeta de Ribeirão

8h30 – Carlos Alberto Dória: Sociólogo, Consultor de Empresas e Escritor

9h00 – Marina Ramalho Miranda: Psicanalista, Membro Associado da SBPSP e Professora Convidada do HC da FMUSP

9h30- Discussão

10h00 às 10h30 – Café

ENCERRAMENTO

10h30 às 12h00

DEVOÇÃO NECESSÁRIA

10h30 às 11h15 – Leopold Nosek: Psicanalista, Membro Efetivo e Analista Didata da SBPSP, Coordenador do Comitê de Cultura da International Psychoanalytical Association (IPA) e Curador da Exposição “Devoção Necessária” na Galeria Marcelo Guarniere

PSICANÁLISE E CULTURA: UMA PERSPECTIVA INTERNACIONAL

11h15 às 12h00 – Cláudio Laks Eizirik: Psicanalista Membro Efetivo e Analista Didata da SPPA e Presidente da International Psychoanalytical Association (IPA)

12h00 às 13h00 – ENCERRAMENTO

EVENTOS PARALELOS

EXPOSIÇÃO DE OBRAS DO ACERVO DA GALERIA MARCELO GUARNIERI

Local: Galeria Marcelo Guarnieri – Rua São José, 1497 – Ribeirão Preto – SP

EXPOSIÇÃO DE OBRAS DO ACERVO DO MUSEU DE ARTE DE RIBEIRÃO PRETO – MARP

Curador Nilton Campos

Local: Centro de Convenções de Ribeirão Preto – Rua Bernardino de Campos, 999 – Ribeirão Preto – SP

Organização

Sociedade Brasileira de Psicanálise de Ribeirão Preto (SBPRP), filiada à Federação Brasileira de Psicanálise (FEBRAPSI), à Federación Psicoanalítica de América Latina (FEPAL) e à International Psychoanalysis Association (IPA).

 

Diretoria da SBPRP

Presidente: Dr. Pedro Paulo Ortolan

Diretora Secretária: Dra. Maria Auxiliadora Campos

Diretora Tesoureira: Sra. Guiomar Papa de Morais

Diretora Depto. Científico: Sra. Maria Bernadete Amêndola

Diretor do Instituto: Dr. José Cesário Francisco Junior

Secretária do Instituto: Dra. Sônia Maria Mendes Eleutério Mestriner

 

Comissão Organizadora

Coordenação Geral: Maria Bernadete Amêndola Contart de Assis

 

Comissão Científica:

Coordenação: Lia Fátima Christovão Falsarella

Josimara Magro Fernandez de Souza

Julio César Tadeu Chavasco Labate

Maria Bernadete Amêndola Contart de Assis

Maria da Conceição Silva Ribeiro da Costa

Patrícia Rodella de Andrade Tittoto

Renata Sarti

Rosângela de Oliveira Faria

Silvana Maria Bonini Vassimon de Figueiredo

 

Comissão Cultural:

Coordenação: Maria Lucimar Fortes Paiva

Maria Letícia Wierman

Nilton Cesar Bianchi

 

Comissão de Divulgação:

Coordenação: Paulo de Moraes M. Ribeiro

Ana Márcia Vasconcelos de Paula Rodrigues

Ana Regina Morandini Caldeira

Cláudia Biancchi

Cybelli Labate

Débora Agel Mellem

Denise Léa Moratelli

Denise Rosa Goulart

Fernanda Sivaldi Roberti Passalacqua

Lídia Campanelli Romeu

Luciano Bonfante

Magda Maria Machado Colli

Maria Luíza C. Piantino

Maria Roseli P. Galvani

Regina Cláudia Mingorance

Renata Sarti

Silvana Mara Lopes Andrade

Sônia Maria Godoy

Tânia Maldonado Pastori

 

Comissão de Gráfica:

Coordenação: Cecília Barretto Dias

 

Comissão de Informática:

Coordenação: Adriana Laura Navarrete Bianchi

 

Comissão de Infra-Estrutura:

Coordenação: Rachel Barbosa Lomônaco Beltrame

 

Comissão de Patrocínio:

Coordenação: Patrícia Rodella de Andrade Tittoto

Andréa Ciciarelli Pereira Lima

Mônica Bittar Santamarina Araújo

Rosângela Alves da Silva Guerrera

 

Comissão de Secretaria:

Coordenação: Maria Aparecida Garcia Galioti Brossi Pelissari

Lídia Campanelli Romeu

Maria Auxiliadora Campos

 

Comissão Social:

Coordenação: Ana Aparecida Barbosa

Mônica Bitar Santamarina Araújo

 

Comissão de Tesouraria:

Coordenação: Suely de Fátima Severino Delboni

Guiomar Papa de Morais

Cartaz

Fotos
Bienal 2010
Apresentação

Pensando e Sentindo as Paixões

 

São demais os perigos desta vida

Pra quem tem paixão principalmente

Quando uma lua chega de repente

E se deixa no céu, como esquecida

E se ao luar que atua desvairado

Vem se unir uma música qualquer

Aí então é preciso ter cuidado

Porque deve andar perto uma mulher

Deve andar perto uma mulher que é feita

De música, luar e sentimento

E que a vida não quer de tão perfeita

Uma mulher que é como a própria lua:

Tão linda que só espalha sofrimento

Tão cheia de pudor que vive nua

V. de Moraes

 

“São demais os perigos desta vida pra quem tem paixão”: o inspirado Soneto do Corifeu de Vinicius de Moraes nos remete ao tema deste encontro entre a Psicanálise e os mais diversos setores da Cultura e do Saber. Todas as PAIXÕES, sejam elas claras (como o amor ou a amizade) ou obscuras (como a inveja, o ódio, a vingança, etc.), são companheiras inerentes ao humano. Carregamos, desde o nosso umbigo, a marca de sermos seres cujas nascentes nos remetem às mais arcaicas paixões. São elas que nos movem, embora em outros momentos nos paralisem frente ao que é belo ou terrível demais; são elas, frequentemente, a fonte da nossa criatividade e vitalidade, embora às vezes acarreiem o cessar da própria vida. A dor de estar vivo e de existir deve aprender a conviver com a paixão pelo milagre de se habitar esse mundo e se sentir existindo ao longo do tempo com uma identidade e individualidade próprias.

 

O tema escolhido para esta Bienal, “Paixões”, transpõe as fronteiras de tempo e espaço, é ao mesmo tempo antigo e atual e existe em todas as culturas do planeta. Portanto, a nossa proposta de pensarmos juntos sobre as mais variadas paixões não poderia se restringir a uma determinada área do conhecimento, pelo contrário, precisamos do intercâmbio de todas. A Psicanálise ocupa um lugar privilegiado junto ao tema proposto, uma vez que lida com as paixões humanas no ofício cotidiano dos nossos consultórios. Por isso convidamos renomados colegas para dialogarem com pensadores das mais diversas áreas da cultura e do conhecimento, bem como com o público participante, para juntos pensarmos e sentirmos amplas paixões humanas.

 

Freud, nosso pioneiro, teve nas suas paixões pessoais a dolorosa fonte de inspiração para a descoberta da ciência que ele batizou de Psicanálise. Isto foi há mais de cem anos; desde então, muitos psicanalistas têm se dedicado ao estudo aprofundado das paixões. Nas demais áreas do sentir e do pensar este estudo já acontece há muito tempo. A Filosofia se dedicou ao tema desde sempre, o próprio Sócrates ilustrou a importância da ironia como poderosa arma corrosiva e propedêutica.

 

A Morte de Sócrates (1787) – Jaques-Louis David1

 

A Literatura, plena de paixões humanas, intuitivamente precedeu a Psicanálise. Uma das obras que mais inspirou Freud foi a monumental tragédia Édipo Rex escrita por Sófocles em 427 a.C., que deu origem ao fundamental conceito “Complexo de Édipo” (Freud, 1900), tão caro aos analistas. Ou então Shakespeare, que devido à amplitude e densidade emocional presente em sua obra, poderia ser considerado o primeiro ‘psicanalista’ da História. Outra curiosa associação entre a literatura e a psicanálise é o fato de que o fundador desta última teve como única manifestação pública de reconhecimento em vida, o consagrado Prêmio Goethe de Literatura, concedido a Freud em 1930.

 

Na Medicina, em 300 a.C. Hipócrates descreveu a “bílis negra”, representante das paixões da ordem do ódio e inveja. A bílis seria um dos quatro “humores” que estariam presentes em nossa circulação sanguínea num delicado equilíbrio responsável pelo estado de saúde psicossomática, ou de doença. Insight poderoso, este do pai da Medicina!

 

Hipócrates (Grecia, 460 a.C. – 370 a.C.)

 

Paixão e Artes Plásticas sempre dialogaram. Os primeiros artistas da humanidade, desde a Pré-história, demonstraram que o desejo de expressão através da arte é inerente ao ser humano e independente de seu estágio no desenvolvimento. Deixaram, por exemplo, as paredes das cavernas de Lascaux no sudoeste da França (17.000 anos AP) impregnadas pela sua paixão pela caça. Lá podemos vislumbrar a luta pela sobrevivência da espécie estimulando a criativa expressividade humana.

 

Pintura na caverna de Lascaux, França

 

Nas Artes Cênicas e Cinema, as paixões sempre foram força motriz. Quem, mesmo na atualidade, não assistiu alguma cena antológica do cinema mudo de Charlie Chaplin e não se emocionou?

 

Charlie Chaplin caracterizado como O Vagabundo

 

A Arquitetura possui inúmeras obras, como a Brasília do nosso centenário Niemeyer, que evidenciam as paixões como fonte inspiradora.

 

É do Oscar a reveladora frase:

 

“Não é o ângulo reto que me atrai, nem a linha reta, dura, inflexível, criada pelo homem. O que me atrai é a curva livre e sensual, a curva que encontro nas montanhas do meu país, no curso sinuoso dos seus rios, nas ondas do mar, no corpo da mulher preferida. De curvas é feito todo o universo, o universo curvo de Einstein.” – Oscar Niemeyer

 

Portanto, a Psicanálise, as Artes Plásticas, o Teatro, a Música, a Literatura, a Filosofia, a Mitologia, a Dança, a Educação, a Antropologia, a Psicologia, a Semiótica, a Sociologia e as demais áreas do saber e do sentir que tem nas paixões sua origem e fonte de inspiração científica e estética, estão convidadas a participar deste fértil encontro que ocorrerá de 13 a 16 de Maio próximo. Podemos pensar nesta Bienal como uma grande viagem às nascentes dos sentidos, constituindo-se numa proposta de transcendência têmporo-espacial em busca da inesgotável fonte de vitalidade humana chamada Paixão! Esperamos que todos os presentes participem ativamente deste encontro, configurando-o como uma experiência emocional de qualidade passional.

 

Paulo de Moraes Mendonça Ribeiro

Diretor Científico da SBPRP

Coordenador Geral da Bienal

Programa

12 de maio – quarta-feira

 

20h00 – Centro de Convenções Ribeirão Preto

Exposição de Artes Plásticas

Exposição de telas no Espaço MARP (Museu de Arte de Ribeirão Preto) do Centro de Convenções, durante toda a Bienal, com a participação dos artistas plásticos: Dante Veloni, Sônia Andrade, Adda Prieto e Cleido Vasconcelos. Curadoria: Nilton Campos. Esta exposição permanecerá aberta ao público durante toda a Bienal.

Lançamento da Revista de Psicanálise da SBPRP Berggasse 19

Com a presença de vários autores dos artigos publicados, a Berggasse 19 estará à disposição dos interessados em conhecê-la durante toda a Bienal.

Exposição Documental

Exposição Documental sobre a IPA e sua história através de uma série de painéis didático-explicativos; com projeção contínua do filme da IPA criado por Lee Jaffe e produzido por Nadine Levinson e Leo Rangell. Visita monitorada à exposição. Esta exposição permanecerá aberta ao público durante toda a Bienal.

 

13 de maio – quinta-feira

 

No Centro de Convenções, a partir das 17h, iremos finalizar as inscrições (se houver vagas remanescentes) e iniciar a entrega das credenciais do Encontro.

20h00 – Abertura Oficial -Teatro Pedro II

Apresentação Musical Comentada

Com a participação da mezzo soprano Regina Elena Mesquita (SP/SP), cantando fragmentos de óperas que versam sobre Paixões, acompanhada pelo pianista Marco Antonio Bernardo (SP/SP).

 

14 de maio – sexta-feira

 

Centro de Convenções Ribeirão Preto

Exposição Documental Paixão pela Psicanálise

Exposição, durante toda a Bienal, da História da Psicanálise Brasileira, com mostra de objetos, documentos, áudios, vídeos e fotografias.

Instalação do Espaço Interativo Paixão de Boteco

Instalação cenográfica, no Centro de Convenções de Ribeirão Preto, onde serão representadas as paixões nacionais pelo futebol e pelo samba, com a projeção de imagens antológicas do futebol brasileiro e a apresentação de componentes de Escola de Samba: puxador de samba, passistas, mestre- sala e porta-bandeira.

8h00 – MESA I – Paixões Claras: da amizade

8h00 Apresentação de Vídeo

Projeção de cenas de filmes referentes à temática a ser debatida na Mesa Redonda

8h05 às 8h45 Luis Tenório Oliveira Lima (psicanalista – SP/SP)

8h45 às 9h25 Telma de Souza Birchal (filósofa – Belo Horizonte/MG)

9h25 Debate com o público

9h55 às 10h30 Coffee Break e Apresentação Cultural de Artes Cênicas:

Apresentação performática do grupo de atrizes coordenado pela atriz Renata Martelli (RP/SP) encenando trechos de peças com a temática da “Paixão”.

10h30 – CONFERÊNCIA I – Paixão por Realizar

10h30 Apresentação de Vídeo

Projeção de cenas de filmes referentes à temática a ser debatida na conferência

10h35 Luiza Helena Trajano Inácio Rodrigues (empresária – Franca/SP)

11h05 Debate com o público

11h30 – CONFERÊNCIA II – O Avesso das Paixões- Anti-paixão/Não-paixão/Vazio da paixão

11h30 Apresentação de Vídeo

Projeção de cenas de filmes referentes à temática a ser debatida na conferência.

11h35 às 12h30 Sonia Abadi (psicanalista – Buenos Aires/Argentina)

12h30 às 13h00 Debate com o público

13h00 às 15h00 Intervalo (almoço)

14h00 às 15h00 – CURSOS

CURSO A

A Paixão nas Artes (Artes Plásticas/Música/Literatura)

Decio Cassiani Altimari (professor de História da Arte e da Música – SP/SP)

CURSO B

O Conceito de Paixão em Psicanálise (Psicanálise)

Alicia B. D. Lisondo (psicanalista – Campinas/SP)

15h00 – Apresentação Cultural de Teatro

Apresentação, no Centro de Convenções de Ribeirão Preto, do monólogo “A Senhora das Cartas” com Beatriz Segall.

16h00 – MESA II – Representações apaixonadas, paixões representadas

16h00 Apresentação de Vídeo

Projeção de cenas de filmes referentes à temática a ser debatida na Mesa Redonda.

16h05 às 16h45 Beatriz Segall (atriz)

16h45 às 17h25 Bernardo Tanis (psicanalista)

17h25 às 18h00 Debate com o público

18h00 às 18h30 Coffee Break

Projeto Cultural Vídeo-Interativo

Com a projeção de entrevistas curtas colhidas junto ao público participante da Bienal, expressando-se livremente sobre “Paixão”.

18h30 – MESA III – Tango: paixão em movimento

Sonia Abadi (psicanalista – Buenos Aires/Argentina) fará uma breve preleção sobre a arte do tango, apresentando um vídeo sobre esta consagrada dança argentina. Em seguida teremos a Apresentação Cultural de Dança com os coreógrafos e dançarinos de Tango Adriana Cyrino de Mello Risau e Juan Risau.

 

15 de maio – sábado

 

8h30 – MESA IV – Paixões Obscuras – Ciúme/Inveja/Vingança

8h30 Apresentação de Vídeo

Projeção de cenas de filmes referentes à temática a ser debatida na Mesa Redonda

8h35 às 9h15 Marlene Soares dos Santos (literata – Rio de Janeiro/RJ)

9h15 às 9h55 Leila Tannous Guimarães (psicanalista – Campo Grande/MS)

9h55 às 10h30 Debate com o público

10h30 às 11h00 Coffee Break

Projeto Cultural Vídeo-Interativo

Com a projeção de entrevistas curtas colhidas junto ao público participante da Bienal, expressando-se livremente sobre “Paixão”.

11h00 – MESA V – Prometeu na Torre de Babel – Conhecimento/Anti-Conhecimento/Não-conhecimento

11h00 Apresentação de Vídeo

Projeção de cenas de filmes referentes à temática a ser debatida na Mesa Redonda.

11h05 às 11h45 Antônio Sapienza (psicanalista – SP/SP)

11h45 às 12h25 Marisa Giannecchini Gonçalves de Souza (profa. de literatura e filosofia – Ribeirão Preto/SP)

12h25 às 13h00 Debate com o público

13h00 às 15h00 Intervalo (almoço)

14h00 às 15h00 CURSOS

CURSO A

A Paixão nas Artes (Artes Plásticas/Música/Literatura)

Decio Cassiani Altimari (professor de História da Arte e da Música – SP/SP)

CURSO B

O Conceito de Paixão em Psicanálise (Psicanálise)

Alicia D. Lisondo (psicanalista – Campinas/SP)

15h00 – CONFERÊNCIA III – Futebol: O Diabo no Corpo

15h00 Apresentação de Vídeo

Projeção de cenas de filmes referentes à temática a ser trabalhada na conferência.

15h05 às 16h00 José Miguel Soares Wisnik (músico e literato – SP/SP)

16h00 às 16h30 Debate com o público

16h30 às 17h00 Coffee Break

Projeto Cultural Vídeo-Interativo

Com a projeção de entrevistas curtas colhidas junto ao público participante da Bienal, expressando-se livremente sobre “Paixão”.

17h00 às 18h00 – SESSÃO BATE-PAPO

Com a presença dos convidados da Bienal, que apresentarão uma ideia a ser debatida entre si e com a plateia.

18h00 – Apresentação Cultural de Música e Dança

Com seleções da “Ópera do Malandro” de Chico Buarque de Holanda, apresentada pelo Coral Minaz, seguida da apresentação de uma Escola de Samba, no Espaço Interativo “Paixão de Boteco”.

 

16 de maio – domingo

 

08h30 – MESA V – Morrer de Paixão / Viver de Amor

8h30 Apresentação de Vídeo

Projeção de cenas de filmes referentes à temática a ser debatida na Mesa Redonda.

8h35 às 9h15 Decio Cassiani Altimari (professor de História da Arte e da Música – SP/SP)

9h15 às 09h55 Raul Hartke (psicanalista – Porto Alegre/RS)

09h55 às 10h30 Debate com o público

10h30 às 11h00 Coffee Break

Projeto Cultural Vídeo-Interativo

Com a projeção de entrevistas curtas colhidas junto ao público participante da Bienal, expressando-se livremente sobre “Paixão”.

11h00 – CONFERÊNCIA de ENCERRAMENTO: Etimologia das Paixões

11h00 Apresentação de Vídeo

Projeção de cenas de filmes referentes à temática a ser trabalhada na conferência.

11h05 às 12h00 Ivonne Bordelois (poeta e ensaísta – Buenos Aires/ Argentina)

12h00 às 12h30 Debate com o público

12h30 – Encerramento

Apresentação de vídeo com edição de cenas colhidas durante todo o evento.

Organização

Sociedade Brasileira de Psicanálise de Ribeirão Preto (SBPRP), filiada à Federação Brasileira de Psicanálise (FEBRAPSI), à Federación Psicoanalitica da América Latina (FEPAL), e à International Psychoanalytical Association (IPA).

 

Diretoria da SBPRP

Presidente: Dra. Lenise Lisboa Azoubel

Diretora Secretária: Dra. Rachel Lomônaco Beltrame

Diretor Tesoureiro: Dr. José Alberto Florenzano

Diretor Depto. Científico: Dr. Paulo de Moraes Mendonça Ribeiro

Diretora do Instituto: Dra. Mércia Maranhão Fagundes

Secretária do Instituto: Dra. Cora Sophia de Toledo P. Schroeder

 

Comissão Organizadora da II Bienal

 

Coordenação Geral:

Dr. Paulo de Moraes Mendonça Ribeiro

 

Comissão Científica:

Maria Bernadete Amêndola Contart de Assis (coordenadora)

Fernanda Silvaldi Roberti Passalacqua

José Cesário Francisco Junior

Maria Letícia Wierman

Paulo de Moraes Mendonça Ribeiro

Pedro Paulo de Azevedo Ortolan

 

Assessores da Comissão Científica:

Adriana Laura Navarrete Bianchi

Ana Cláudia Gonçalves Ribeiro de Almeida

Andréa Ciciarelli Pereira Lima

Fabiana Elias Goulart de A. Moura

Helena Lúcia A. de Lima Furtado

Luciano Bonfante

Mônica Bitar Santamarina Araújo

Patrícia Rodella de Andrade Tittoto

Renata Sarti

 

Comissão Cultural:

Rosângela de Oliveira Faria (coordenadora)

Silvana Vassimon de Figueiredo (coordenadora)

Beatriz Troncon Busatto

Cybelli Morello Labate

Josimara Magro Fernandez de Souza

Júlio Cesar Tadeu Chavasco Labate

Lídia Campanelli

 

Comissão de Divulgação:

Ana Márcia V. P. Rodrigues

Ana Regina M. Caldeira

Débora Mellem

Fátima Maria Cassis Ribeiro Santos

Josiane Barbosa

Paulo de Moraes Mendonça Ribeiro

Sônia Maria de Godoy

 

Assessores da Comissão de Divulgação:

Arlindo Gomes Ribeiro

Carla Cristina P. Bellodi

Cláudia Fernanda Bianchi

Cybelli Morello Labate

Denise Léa Moratelli

Fabiana M. de Carvalho Silva

Gislene Andrade Santos

Heliete Regina Gouveia

Luciano Bonfante

Luzdalma de Maio B. Vieira

Magda M. M. Colli

Maria Lucimar Paiva

Maria Luiza C. Piantino

Maria Roseli Pompemeyer

Maruzza T. C. Borges Fonseca

Mauro Campos Balieiro

Regina Cláudia Mingorance

Renata Sarti

Silvana Mara Lopes Andrade

Tânia Pastori Razook

 

Comissão Financeira:

José Alberto Florenzano (coordenador)

Alexandre Martins de Mello

Guiomar Papa de Morais

 

Comissão de Gráfica:

Cecília Barretto Dias (coordenadora)

Paulo de Moraes Mendonça Ribeiro

 

Comissão de Informática:

Rachel Barbosa Lomônaco Beltrame (coordenadora)

Rosângela Alves da Silva Guerrera (coordenadora)

 

Comissão de Infraestrutura:

Rachel Barbosa Lomônaco Beltrame (coordenadora)

 

Comissão de Logística:

Rachel Barbosa Lomônaco Beltrame (coordenadora)

Andréa Ciciarelli Pereira Lima

Mônica Bitar Santamarina Araújo

Patrícia Rodella de Andrade Tittoto

 

Comissão de Patrocínio:

Fernanda Silvaldi Roberti Passalacqua (coordenadora)

Andréa Ciciarelli Pereira Lima

Patrícia Rodella de Andrade Tittoto

 

Comissão de Secretaria:

Rachel Lomônaco Beltrame(coordenadora)

Maria Aparecida G. Galiote Brossi Pelissari

Maria Auxiliadora Campos

Sônia Maria Eleutério Mestriner

 

Comissão Social:

Cora Sophia de T. P. Schroeder Chiapello (coordenadora)

Comissão de Som e Imagem:

Silvana Mara Lopes Andrade (coordenadora)

Ana Regina Morandini Caldeira

Denise Léa Moratelli

Josimara Magro Fernandez de Souza

Marystella Carvalho Esbrogeo

Cartaz

Fotos
Bienal 2014
Apresentação

“A porta da verdade estava aberta

mas só deixava passar

meia pessoa de cada vez.

 

Assim não era possível atingir toda a verdade,

porque a meia pessoa que entrava

só conseguia o perfil de meia verdade.

E sua segunda metade voltava

igualmente com meio perfil.

E os meios perfis não coincidiam.

 

Arrebentaram a porta. Derrubaram a porta.

Chegaram ao lugar luminoso

onde a verdade esplendia os seus fogos.

Era dividida em duas metades

diferentes uma da outra.

 

Chegou-se a discutir qual a metade mais bela.

Nenhuma das duas era perfeitamente bela.

E era preciso optar. Cada um optou

conforme seu capricho, sua ilusão, sua miopia”.

 

Carlos Drummond de Andrade

 

A importância da Psicanálise e sua influência em diferentes áreas do conhecimento é fato inconteste. Freud revolucionou os paradigmas do establishment quando, e como, introduziu a noção de inconsciente e a força dos impulsos na mente de cada um de nós; colocou em discussão teorias e dogmas aceitos até então, iniciando uma re-evolução no pensamento ocidental.

 

O mundo no qual o homem contemporâneo está inserido apresenta uma multidimensionalidade e novo paradigma causal, o que resulta em situações de perplexidade, aparentemente paradoxais e conflitantes. Assim, é essencial um espaço para reflexão, uma vez que a complexidade e especificidade das situações tornam as decisões cada vez mais difíceis. Nesta direção reflexiva a Sociedade Brasileira de Psicanálise de Ribeirão Preto realiza este ano sua III BIENAL DE PSICANÁLISE E CULTURA tendo escolhido Verdade e Humor como temas.

 

A ideia veiculada em Nietzsche de que inexistem fatos, mas sim discursos sobre fatos e a questão colocada por Freud sobre verdades históricas e verdades materiais, em carta à Fliess (1897) traz à luz discussão sobre a existência de uma verdade no mundo ou a existência de interpretações do mundo. Questões como a verdade religiosa e dogmática que não aceita questionamentos, a verdade transitória da ciência que a cada contexto e novos elementos refaz sua com figuração e a verdade na Literatura e na História em que temos acesso através da descrição subjetiva de fatos sempre estiveram no cerne dos debates das Artes, Literatura, História e Filosofia. A III Bienal pretende abrir espaço para esta reflexão, sobretudo sobre a Verdade e a Psicanálise a qual pode ser identificada como um processo de busca da verdade em cada um de nós.

 

Ao lado destas questões temos o Humor que se diferencia do cômico, do riso, do irônico e que pode ser instrumento fértil tanto para ajudar a desvelar a verdade como para encobri-la; citando Millôr Fernandes: “a verdade sempre aparece, pois vive escondida”. Freud se ocupou do humor em dois trabalhos “Os chistes e sua relação com o inconsciente” (1905) e “O humor” (1927) tendo, em linhas gerais, considerado o humor como veículo através do qual sentimentos reprimidos (inconscientes) alcançam a consciência de uma forma mais palatável e prazerosa. O humor pode ser descrito como “um jogo de linguagem que provoca uma reviravolta no sentido do discurso” (Ungier, 2006) podendo de alguma maneira burlar os mecanismos repressores.

 

Interessada no intercambio permanente entre os diversos segmentos da cultura e mantendo sua tradição de abrir espaço para a interlocução fecunda com as Artes, Música, Literatura, Filosofia, convidamos vocês a participarem deste encontro e esperamos que, através da leveza que o humor proporciona, possa favorecer desenvolvimento de questões tão importantes e complexas como estas.

 

Rachel Lomonaco Beltrame

Presidente da SBPRP

 

Com grande satisfação, organizamos para maio próximo mais essa Bienal, a III BIENAL DE PSICANÁLISE E CULTURA DA SBPRP, cujo tema é – HUMOR, VERDADE E PSICANÁLISE. Neste site poderão ser feitas, desde já, as inscrições. Realizaremos todo o Evento, da abertura ao encerramento, no mesmo local – Auditório da Faculdade de Direito – cuja localização, no campus da USP, também pode ser encontrada neste site.

 

Desta vez, optamos por um tempo maior para o desenvolvimento de cada uma das mesas e conferências, visando um melhor aproveitamento da presença de nossos convidados e mais tempo para a participação dos presentes no debate. Teremos dois interessantíssimos cursos inseridos no programa geral, para os quais não serão necessárias inscrições à parte; apenas salientamos, desde já, para os que forem frequentar os cursos, a necessidade de pontualidade nos horários estipulados.

 

Essa é uma ocasião ímpar de nos enriquecermos com a presença de eminentes psicanalistas, artistas, poetas, dramaturgos, historiadores, cartunistas, jornalistas e filósofos, entre outros, debruçados sobre um tema instigante e profícuo. Convidamos todos para se juntarem a nós nessa data e nos prestigiarem com sua participação.

 

Lia Falsarella

Diretora Científica e Coordenadora Geral do Evento

Programa

15 de maio – quinta-feira

 

17:00 – 19:45 – ENTREGA DAS CREDENCIAIS

20:00 – 20:30 – ABERTURA

20:30 – 22:00 – CONFERÊNCIA DE ABERTURA –

“O Eco do Riso: a comédia mediterrânea no meio de nós”

Marisa Giannecchini Gonçalves de Souza, doutora em semiótica e cultura clássica (grego antigo)

Apresentação musical com Carlito Rodrigues (baixista) e Nando Araujo (harpista)

 

16 de maio – sexta-feira

 

07:45 – 08:45 – CURSO I: *não é necessário fazer inscrição

“O humor e a Verdade na Comédia Grega: uma leitura psicanalítica” (1a parte) Raul Hartke – psicanalista

09:00 – 11:00 – MESA I:

“Humor e Dor Mental”

Antonio Carlos Eva – psicanalista

Mário Prata – dramaturgo, escritor e jornalista

11:00 – 11:30 – Coffee break

11:30 – 12:45 – CONFERÊNCIA I:

“Humor e Verdade em Nietzsche”

Oswaldo Giacóia – filósofo

12:45 – 13:45 – Intervalo para almoço

13:45 – 14:45 – CURSO II: *não é necessário fazer inscrição

“Humor em Shakespeare” (1a parte)

Marlene Soares dos Santos – professora emérita da UFRJ

15:00 – 15:30 – Fragmentos de “Miríades Poéticas” – Apresentação do Coral da USP de Ribeirão Preto – Cia Canto de Riscos.

Diretor Artístico e Regente Titular: Sergio Alberto-de-Oliveira

15:45 – 17:00 – CONFERÊNCIA II:

“Reflexões sobre o Humor e a Verdade no Espetáculo”

Eugênio Bucci – jornalista

17:00 – 17:30 – Coffee break

17:30 – 18:45 – CONFERÊNCIA III:

“Chaplin: da tragédia pessoal à comédia universal”

Ignácio Gerber – psicanalista e músico

18:45 – Lançamento do Volume IV, Número 2 da Berggasse 19, Revista de Psicanálise da SBPRP.

– Lançamento do livro “Sessão de Histórias”, de Ignácio Gerber. Editora: Ofício das Palavras, 2013.

 

17 de maio – sábado

 

07:45 – 08:45 – CURSO I:

“O humor e a Verdade na Comédia Grega: uma leitura psicanalítica” (2a parte)

Raul Hartke – psicanalista

09:00 – 11:00 – MESA II:

“A Caricatura na Cena Analítica: a função do exagero”

Arnaldo Chuster – psicanalista

Luís Oswaldo Rodrigues – médico e cartunista

11:00 – 11:30 – Coffee break

11:30 – 12:45 – CONFERÊNCIA IV:

“Humores: pensamentos sonhos”

Antônio Sapienza – psicanalista

12:45 – 13:45 – Intervalo para almoço

13:45 – 14:45 – CURSO II:

“Humor em Shakespeare” (2a parte)

Marlene Soares dos Santos – professora emérita da UFRJ

15:00 – 17:00 – MESA III:

“O Riso e o Risível”

Luiz Tenório Oliveira Lima – psicanalista

Verena Alberti – historiadora

17:00 – 17:30 – Coffee break

17:30 – 18:30 – CONFERÊNCIA DE ENCERRAMENTO:

“Uma Visão Psicanalítica do Humor Judaico”

Cláudio Laks Eizirik – psicanalista

18:30 – 19:00 – ENCERRAMENTO

 

ATIVIDADES CULTURAIS:

– Josú Barroso fará caricaturas dos palestrantes e dos participantes.

– Exposição Permanente de cartoons cedidos pelo Salão Internacional do Humor de Piracicaba.

Organização

Diretoria da Sociedade Brasileira de Psicanálise de Ribeirão Preto

Presidente: Rachel Lomônaco Beltrame

Dir. Secretária: Ana Cláudia G. R. de Almeida

Dir. Financeira: Josimara Magro Fernandez de Souza

Dir. Científica: Lia Fátima Christovão Falsarella

Dir. do Instituto: Sônia M. M. E. Mestriner

Dir. Sec. do Instituto: Guiomar Papa de Morais

 

Coordenação Geral:

Lia Fátima Christovão Falsarella

 

Comissão Científica

Alexandre Martins de Mello e Paulo de Moraes Mendonça Ribeiro (Coordenadores)

Andréa Ciciarelli Pereira Lima

Maria Letícia Wierman

Lídia Neves Campanelli

Mércia Maranhão Fagundes

Mônica Bitar Santamaria Araújo

Suely de Fátima Severino Delboni

Thaís Helena Thomé Marques

 

Comissão Cultural

Maria Bernadete Amêndola Contart de Assis (Coordenadora)

Fernanda Sivaldi Roberti Passalacqua

Greice Priscilla Kökény de Oliveira

José Cesário Francisco Junior

Pedro Paulo de Azevedo Ortolan

 

Comissão de Infraestrutura

Lia Fátima Christovão Falsarella (Coordenadora)

Cora Sophia de Toledo Piza Schroeder Chiapello

Manoel Antônio dos Santos

Maria Aparecida Garcia Galioti Brossi Pelissari

Maria Auxiliadora Campos

 

Comissão de Divulgação

Guiomar Papa de Morais (Coordenadora)

Ana Cláudia Gonçalves Ribeiro de Almeida

Gislene Andrade Santos

Maria Bernadete Figueiró de Oliveira

Mauro Campos Balieiro

Patrícia Rodella de Andrade Tittoto

 

Comissão Financeira

Josimara Magro Fernandez de Souza (Coordenadora)

 

Comissão de Patrocínio

José Cesário Francisco Junior (Coordenador)

Carla Cristina Pierre Bellodi

Fabiana Elias Goulart de Andrade Moura

Marystella Carvalho Esbrogeo

Marta Maria Daud

 

Comissão de Secretaria

Maria Aparecida Garcia Galioti Brossi Pelissari (Coordenadora)

Cybelli Morello Labate

Júlio César Tadeu Chavasco Labate

Luciano Bonfante

Regina Cláudia Mingorance

Maria Auxiliadora Campos

 

Comissão Social

Cora Sophia de Toledo Piza Schroeder Chiapello (Coordenadora)

Cartaz

Fotos
Bienal 2016
Apresentação

Esta IV Bienal de Psicanálise e Cultura, cujo tema é “Psicanálise e Tecnologia”, remete-nos, logo de início, ao nosso primeiro Encontro Bienal: Alma, estás aí? (Kristeva, J. 2002), realizado em 2008. Naquela ocasião já nos ocupávamos do Homem em Sociedade, preocupavamo-nos com os destinos do Ser, com as transformações galopantes vividas pela Humanidade naquele início de século.

 

De certa forma, voltamos agora às vizinhanças da Alma, senão a seu âmago; voltamos às vicissitudes do Ser Humano nesta travessia da vida, desta vez com o foco nos Diálogos Possíveis entre a Psicanálise – palco e trama das questões psíquicas – e a Tecnologia, instrumentalização à serviço dos desenvolvimentos científicos, descobertas e expansões inquestionáveis dos Homens.

 

Nesse amplo território de inquietações e incertezas sobre o nosso destino neste mundo, vamos fazer uma pausa: três dias apenas.

 

Serão mesas redondas, conferências e cursos voltados para o diálogo entre várias áreas de Humanidades, Psicanálise e a Tecnologia. Mas o convite é para que sejam dias de refletir e aprender, ouvir e dizer, pensar e sonhar juntos. Junto a convidados notáveis das ciências e humanidades que trarão para nós seus envolvimentos e desenvolvimentos, seu conhecimento e reflexão, em um ambiente onde se propõe reunir pensadores e acadêmicos, artistas e escritores, filósofos e psicanalistas, estudantes e profissionais de diversos segmentos para uma conversa sobre as coisas desta vida, cada vez mais cheia de abreviaturas e nomes esquisitos, estrangeiros… cada vez mais cheia de dedos pra lá e pra cá, cada vez mais cheia de instantaneidade e rapidez, de imagens externas e proximidades, companhias e distanciamentos.

 

Tudo isso a compor o caldo de uma existência que caminha para onde? Seremos máquinas, no futuro? As máquinas nos controlarão em uma inversão de comando preconizada por Kubrick em “2001, uma odisseia no espaço?” Nossas mentes se esvaziarão de conteúdos e sonhos, pensamentos e lembranças, que serão locados, talvez, em um ambiente digital próprio para locação de Alma? Como nos preparamos para o uso fértil e criativo, benéfico e positivo da Tecnologia? E, principalmente: como a Psicanálise pode contribuir de forma a utilizar seu vasto conhecimento teórico e sua inesgotável fonte de experiências – a clínica-, para colaborar com a elaboração das angústias humanas e para a construção de um destino menos sombrio?

 

Vamos então conversar: retomando, à viva voz e presença viva, o contato dos olhos, a melodia da voz, o calor da pele… Vamos nos reunir nesta IV Bienal para aprender sobre os diálogos possíveis entre a mente e sua subjetividade, e a máquina e seus desdobramentos.

 

Queremos e devemos acreditar que os diálogos são possíveis e nos sustentarão diante da inquietante pergunta que Julia Kristeva, em “As novas doenças da Alma” (2002) nos apresenta: “Não é fabuloso que alguém se satisfaça com uma pílula e uma tela?”

 

Silvana Vassimon

Diretora Científica da SBPRP

Coordenadora Geral da IV Bienal

Programa

Quinta-feira (19/05/2016)

 

Entrega de credenciais

Local: Centro de Convenções de Ribeirão Preto

Horário: 16h30min às 19h30min

ABERTURA NO THEATRO PEDRO II

Quinta-feira (19/05/2016)

Orquestra Jovem ALMA (Academia Livre de Música e Artes)

Programa: “Beatles go Baroque” – Peter Breiner

Horário: 20h00min

PROGRAMA CIENTÍFICO NO CENTRO DE CONVENÇÕES DE RIBEIRÃO PRETO

 

Sexta-feira (20/05/2016)

 

Mesa 1 (8h às 10h) Palestras:

Ambientes Digitais e imagens, presença ou abstração?

Prof. Dr. Norval Baitello Junior – área de comunicação, semiótica e artes, PUC-SP

Dra. Anette Blaya Luz – psicanalista, membro da Sociedade Psicanalítica de Porto Alegre

Coordenadora: Maria Lucimar Fortes Paiva Defino (SBPRP)

Coffe break (10h às 10h30)

Mesa 2 (10h30 as 12h30) Palestras:

O aprender com a experiência: repensando as funções do homem e das ferramentas

Prof. Dr. José Armando Valente – área de ciência da computação, comunicação e educação, UNICAMP

Sra. Jassanan Amoroso Dias Pastore – psicanalista, membro da Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo

Coordenadora: Silvana Mara Lopes Andrade (SBPRP)

Intervalo de almoço (12h30 às 14h00)

Curso A e B (12h45 às 13h50)

Curso A: A experiência do tempo à luz da fotografia contemporânea

Feco Hamburger – fotógrafo /artista (São Paulo)

Coordenadora: Luciana Marchetti Torrano (SBPRP)

Curso B: Ampliações do Mito de Édipo

Dr. Júlio César Conte – psicanalista, membro do Centro de Estudos Psicanalíticos de Porto Alegre e dramaturgo (Porto Alegre)

Coordenadora: Adriana Laura Navarrete Bianchi (SBPRP)

Mesa 3 (14h00 às 16h00)

Linguagem e narrativa em tempos de WhatsApp

Marcelino Freire – escritor, São Paulo

Dra. Vera Lucia Colussi Lamanno Adamo – psicanalista, membro do Grupo de Estudos Psicanalíticos de Campinas e da Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo

Coordenadora: Ana Rita Nuti Pontes (SBPRP e SBPSP)

Coffe break (16h00 às 16h30)

Mesa 4 (16h30 às 18h30)

Espaço compartilhado: troca informal de ideias sobre o mundo virtual/digital, do público com psicanalistas convidados da Sociedade Brasileira de Psicanálise de Ribeirão Preto e de outras sociedades.

 

Sábado (21/05/2016)

 

Mesa 5 (8h às 10h) Palestras:

Na rede, novas configurações das relações humanas

Prof. Dr. Geraldo Romanelli – área de antropologia – Faculdade de Filosofia Ciências e Letras de Ribeirão Preto/USP

Sra. Elsa Vera Kunze Post Susemihl – psicanalista, membro da Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo

Coordenadora: Maria Roseli Pompermayer Galvani (SBPRP e GEP Campinas)

Coffe break (10h00 às 10h30)

Mesa 6 (10h30 às 12h30) Conferência:

Pensamento e ética na contemporaneidade: perspectivas do humano no limiar entre o animal e a máquina

Profa. Dra. Aléxia Cruz Bretas – área de Filosofia, Universidade Federal do ABC

Coordenadora: Maria Aparecida Sidericoudes Polacchini (SBPRP e SBPSP)

Intervalo de almoço (12h30 às 14h)

Curso A e B (12h45 às 13h50)

Continuidade e finalização

Feco Hamburger e Dr. Júlio César Conte

Mesa 7 (14h às 16h) Palestras:

Tecnologia em cena: destinos da estética

Prof. Dr. Marco Garaude Giannotti – área de comunicação e artes, ECA/ USP

Feco Hamburger – fotógrafo /artista (São Paulo)

Coordenadora: Silvana Maria Bonini Vassimon (SBPRP e SBPSP)

Coffe break (16h às 16h30)

Mesa 8 (16h30 às 18h30) Palestra:

Cultura no ambiente tecnológico

Dr. Júlio Cesar Conte – dramaturgo e psicanalista, membro do Grupo de Estudos Psicanalíticos de Porto Alegre

Prof. Dr. Reinaldo Furlan – área de Filosofia, Ribeirão Preto, Faculdade de Filosofia e Ciências e Letras de Ribeirão Preto-USP

Coordenadora: Sandra Luiza Nunes Caseiro (SBPRP)

Atividades de Encerramentos: 18h30

Vinhetas: Psicanálise e Tecnologia:

* Tecnologia na Modernidade

* Charges: Psicanálise e Tecnologia

* Poema Declamado

* Recorte da 7a Arte – I

* Recorte da 7a Arte – II

* Reflexões: Cultura e Arte

* Bastidores da Bienal

Exibição ao longo de toda a Programação Científica

PROGRAMA CULTURAL

 

Quinta-feira (19/05/2016)

 

Local: Theatro Pedro II

Horário: 20h:00min

Apresentação da Orquestra Jovem ALMA (Academia Livre de Música e Artes), com regência do maestro Reginaldo Nascimento e o programa será “Beatles go Baroque” (Peter Breiner).

A Academia Livre de Música e Artes – ALMA, é uma associação privada sem ns lucrativos de Ribeirão Preto, criada em agosto de 2014, no intuito de proporcionar à crianças e adolescentes iniciados em artes, especialmente em música, a possibilidade de aperfeiçoamento técnico, artístico e expressivo.

 

Sexta-feira (20/05/2016)

 

Horário: 10h

Lançamento da Revista Bergasse 19

 

Sexta-feira e sábado (20 e 21/05/2016)

 

Exposições permanentes

Local: Centro de Convenções de Ribeirão Preto

Exposição de Arte: Dresler Horschutz e Marcelo Tomaz

Exposição “Tecnologia e Memórias Afetivas”

 

Sábado (21/05/2016)

 

Local: Centro de Eventos Ribeirão Preto

Lançamento e Autógrafos do livro “Repátria”, de Francesca Cricelli, poeta, tradutora e acadêmica, nascida em Ribeirão Preto. Morou na Itália, Espanha, Malásia, Índia e México.

Organização

Sociedade Brasileira de Psicanálise de Ribeirão Preto (SBPRP), filiada à Federação Brasileira de Psicanálise (FEBRAPSI), à Federación Psicoanalitica da América Latina (FEPAL), e à International Psychoanalytical Association (IPA).

 

Diretoria da SBPRP

Presidente: Dra. Maria Bernadete Amêndola Contart de Assis

Diretora Secretária:  Sra. Ana Cláudia Gonçalves Ribeiro de Almeida

Diretor Financeiro:  Dr. Alexandre Martins de Mello

Diretora Científica:  Sra. Silvana Maria Bonini Vassimon

Diretora de Cultura e Comunidade:  Sra. Patrícia Rodella de Andrade Tittoto

Diretor do Instituto:  Dr. José Cesário Francisco Junior

Diretora Secretária do Instituto:  Dra. Denise Lopes Rosado Antônio

 

Comissões da IV Bienal

 

Coordenação Geral: Silvana Maria Bonini Vassimon  

 

Comissão Científica

Adriana Navarreti Bianchi 

Ana Rita Nuti Pontes 

Denise Léa Moratelli

Denise Rosa Goulart

Luciana Marchetti Torrano

Maria Aparecida Sidericoudes Polacchini (coordenadora)

Maria Lucimar Fortes Paiva Defino

Maria Roseli Pompermayer Galvani

Nilton Cesar Bianchi

Sandra Luiza Nunes Caseiro 

Silvana Mara Lopes Andrade

 

Comissão de Divulgação

Mônica Bitar Santamaria Araújo (coordenadora)

Andréa Ciciarelli Pereira Lima

Cristiana Del Guerra Protta Crippa

Débora Agel Mellem

Fabiana Elias Goullart de Moura

Lídia Neves Campanelli

Marystella Carvalho Esbrogeo

Mauro Campos Balieiro

Regina Rassi Jordão

 

Comissão Financeira 

Josimara Magro Fernandez de Souza (coordenadora)

Mônica Bitar Santamaria Araújo  

 

Comissão Gráfica

Cristiana Del Guerra Protta Crippa

Luciano Bonfante

Marta Maria Daud

Regina Cláudia Mingorance de Lima (coordenadora)

 

Comissão Imagem e Som

Carla Cristina Pierri Bellodi

Cybelli Morello Labate

Gislene Andrade Santos (coordenadora )

Josimara Magro Fernandez de Souza

Júlio Cesar T. Chavasco Labate

Maruzza Tereza Cerchi Borges Fonseca 

Mauro Campos Balieiro

Paulo Umberto Miiki

     

Comissão de Informática e Mídias Digitais

Adriana Vilela Jacob 

Marystella Carvalho Esbrogeo 

Pedro Paulo Azevedo Ortolan (coordenador)

 

Comissão de Infraestrutura 

Alessandra Paula Teobaldo Stöcche 

Beatriz Troncon Busatto (coordenadora) 

Maria Bernadete Figueiró de Oliveira 

Marta Dominguez Sotelino  

 

Comissão Logística

Adriana Laura N. Bianchi

Arlindo G. Ribeiro

Denise Léa Moratelli (coordenadora )

Luciano Bonfante

Marcelo L. Salles Bueno

Maria Roseli P. Galvani

Marta Dominguez Sotelino

Raquel Siminati

 

Comissão Patrocínio

José Cesário Francisco Jr. (coordenador)

Regina Aparecida Rassi Jordão

 

Comissão Secretaria 

Felipe André Colella

Kátia Galassi

Maria Aparecida Garcia Galiote Brossi Pelissari (coordenadora)

Vanessa Alves Zagatto

 

Comissão Sócio-Cultural 

Ana Claudia Gonçalves Ribeiro de Almeida 

Fernanda Sivaldi Roberti Passalacqua (coordenadora)

Greice Kokény de Oliveira 

Maria Bernadete Figueiró de Oliveira 

Rachel Lomônaco Beltrame

Cartaz

Fotos
Bienal 2020
Apresentação

SOCIEDADE BRASILEIRA DE PSICANÁLISE DE RIBEIRÃO PRETO
V BIENAL DE PSICANÁLISE E CULTURA


Palavra do Presidente

Miguel Marques
Presidente da SBPRP

 

A Psicanálise por excelência sustenta um método e compreende uma técnica que tem como princípios básicos a apresentação/criação e trânsito por fronteiras.

 

Desde os primórdios da sua criação por Freud, ela impacta e desconstrói constantemente o que tomamos como realidade, apresentando-nos facetas do humano através das quais a vida flui de forma vigorosa e turbulenta.

 

Nosso instrumental de investigação revela dimensões inquietantes e perturbadoras sobre a matéria que nos constitui. Assim como na Física, na Sociologia, Antropologia, Filosofia e tantos outros campos do conhecimento humano, a Psicanálise oferece um contexto e um campo de observação que nos permite rastrear uma matriz uniforme e intemporal.  Nossos sonhos, percepções e histórias são, talvez, rachaduras e irregularidades nessa matriz gigantesca que denominamos como Mente. 

 

Em nossas investigações ficou patente a necessidade de alcançarmos modos de apreensão complexos que pudessem descrever os enganos, inconsistências e a impressionante auto- ignorância dos seres humanos.

 

Aprendemos com profundidade que o humano nasce e existe a partir das nossas relações e interconexões com o infinito que nos rodeia e que nos habita. Somos determinados à cada instante por diferentes dimensões e realidades que nos permeiam e estamos constantemente em busca da natureza das nossas experiências.

 

A poesia, a dança, a música e todos os fenômenos artístico, poético, literário e musical nos oferecem tramas de padrões que superpostas nos expõe a uma experiência estética. A mente é a função geradora de sentidos que usa o grande computador que é o nosso cérebro para escrever sua poesia e pintar seus quadros de um mundo cintilante de significados.  Em nossas concepções teóricas significado é, em primeira instância, a manifestação fundamental das paixões que emanam da relação intima com a beleza do mundo.

 

O trajeto das Bienais da SBPRP propõe essa experiência emocional promovida pela intersecção da cultura e psicanálise, a partir da qual emanam comunicações sobre o mundo em que vivemos. As nossas expectativas dizem respeito a se alguém pode recebe-las, pois as mensagens cessam de ser mensagens quando ninguém pode recebe-las. No momento em que vivemos há uma urgência em estabelecermos redes de comunicações que preservem e difundam humanidades.

 

Convidamos a todos para compartilharem dessa experiência!

 

“O verdadeiro piloto é o marinheiro que navega mais no fundo que na superfície”

Vitor Hugo, Os trabalhadores do mar

Silvana Vassimon,
Presidente da SBPRP (2018-2020)

 

Assim como o “verdadeiro piloto”, de Vitor Hugo, também os psicanalistas procuram conhecer as profundezas. Nosso mar é outro: a mente humana. Suas vicissitudes, suas conquistas, dores e alegrias. Unimo-nos enquanto um grupo de profissionais interessados em aperfeiçoar seu instrumento de trabalho – nossa própria vida mental.

 

A Sociedade Brasileira de Psicanálise de Ribeirão Preto (SBPRP) é nome de um espaço/tempo, e também lugar geográfico, onde nos encontramos para estudar, trocar ideias, buscar nosso desenvolvimento pessoal e cultivar preceitos básicos que nos orientam: a Ética e o Respeito Humano.

 

Tomamos a relação da Psicanálise com a Cultura e a Comunidade como parte essencial de nossa constante formação. Para o psicanalista, entranhar-se na vida societária e cultural é, antes de tudo, criar divisas realistas que nos organizam e orientam nosso exercício de liberdade: até onde podemos ir? Quando começamos a invadir?

 

Nosso tempo parece ser o tempo da inquietação: os limites são questionados, os territórios abandonados ou invadidos. A fronteira é passagem para que lugar? Para vir-a-ser o quê? Na clínica, ou na vida comunitária, o respeito pelo limite se faz obrigatório: ponto de partida e organização da vida mental desde seus primórdios.

 

A SBPRP prepara sua V Bienal de Psicanálise e Cultura: “(Im)Permeáveis Fronteiras”. Trata-se de um evento já tradicional realizado por nossa Sociedade, quando temos a oportunidade de debater temas importantes da cultura e da vida social com a comunidade: estudantes, profissionais de diferentes áreas, artistas e psicanalistas, entre outros. Hora do mergulho, oportunidade de conhecermos as profundezas do ser humano.

 

Assim, a SBPRP se oferece como local de desenvolvimento para que os psicanalistas a ela associados possam “mergulhar” com conhecimento e aparelhagem adequados, contribuindo não só com a saúde mental de seus pacientes, mas com toda a comunidade: toda a Sociedade se reúne na preparação deste evento; é uma satisfação para nós realizarmos a V Bienal.

 

Em um momento histórico no qual tudo é efêmero e superficial, mais do que nunca é preciso que a Psicanálise se apresente, colaborando com a reflexão sobre os destinos do Homem. Contamos com todos vocês para tornarem fértil esta oportunidade: que possamos mergulhar juntos; conversando, debatendo e aprendendo; criando uma “fronteira” permeável o suficiente para que haja troca e crescimento em direção a uma humanidade mais digna.

 

Lembrando o trajeto das Bienais

Lia Falsarella,
Coordenadora da Comissão Permanente das Bienais

 

Estando às voltas com o preparo desta que é nossa V Bienal – (Im)permeáveis Fronteiras – temos experimentado a satisfação de constatar no envolvimento, no debate efervescente das ideias, na extensão de nossas buscas e na expectação ao redor, a decantação de muitos sonhos e muito trabalho de mais de uma década, desde a realização de nossa primeira Bienal – “Alma, estás aí?”, em 2008.

 

Em fevereiro de 2017, fizemos a primeira reunião da Comissão Permanente das Bienais, que se compôs partindo de uma proposta do Conselho Diretor daquele biênio. Essa proposta foi embasada na constatação de que os Eventos Bienais de Psicanálise e Cultura de nossa Sociedade vêm sendo organizados com sucesso e têm se tornado uma tradição entre nós, daí a ideia de serem incorporados como um vetor de atividade continuada, tratando-se de uma atividade que envolve extensamente nossa Sociedade em um fértil campo de oportunidades para aprendizado e amadurecimento, no que concerne a sua projeção e intercâmbio com a comunidade.

 

Promovendo, portanto, preciosas oportunidades de aproximação e trocas com expoentes de outras áreas das ciências e das artes, acolhendo um público, ao mesmo tempo, heterogêneo e afinado no intuito de se atualizar e debater questões pertinentes ao homem no mundo, as nossas Bienais têm se configurado tais como janelas, onde nos debruçamos para um mundo em movimento que nos requer cada vez mais atentos, reflexivos e responsáveis. Nessa direção, nos alinhamos com uma forte tendência da Psicanálise que, desde seus primórdios, se beneficia dessas aproximações e, por sua vez, oferece contribuições.

 

A ideia de organizarmos o primeiro evento, em 2008, foi inspirada nas Bienais de Psicanálise e Cultura promovidas pela SBPSP, em anos anteriores. Desde então, temos percorrido um caminho próprio, considerando nossas próprias inquietações, inspirações, necessidades e o estímulo do público participante.
Agora, que nos preparamos para mais esse encontro, relembramos brevemente os quatro primeiros temas:

 

2008 – “Alma, estás aí? Onipotência e desamparo do homem em travessia”
2010 – “Paixões & Paixões”
2014 – “Humor, verdade e psicanálise”
2016 – “Psicanálise e tecnologia. Diálogos possíveis”

 

Por que (im)permeáveis fronteiras?

Josimara Magro Fernandez de Souza,
coordenadora Geral da V Bienal de Psicanálise e Cultura

 

Quando nos reportamos à geografia, descobrimos que há uma diferença entre os conceitos de limite e fronteira: “os limites referem-se a uma determinação legalmente fomentada, que foi estabelecida por um acordo formal ou uma convenção. Já as fronteiras constituem algo dinâmico, ‘vivo’, por assim dizer, referindo-se às trocas e relações, sejam elas culturais, econômicas, militares, afetivas e outras.”

 

Ao falarmos de fronteiras, estamos então evocando aquele espaço entre dois territórios distintos, espaço que pode ser de passagem e trocas ou onde se erguem muros que tornam a fronteira um limite rígido e impermeável entre os povos. Fronteira pode ser assim o que une ou o que separa, pode ser um lugar de interações ricas ou um não-lugar. O lugar de passagem, provisório e efêmero, como, por exemplo, uma Sala de Imigração em um aeroporto, pode ter um caráter de ruptura e solidão ou pode estabelecer relações de sentido e reconhecimento para quem ali chega.

 

(Muro da Cisjordânia: tentativa de Israel de impor um limite em uma zona de fronteira na Palestina)

 

Vivemos em um país de dimensões continentais, que possui uma história de colonização, responsável por receber o maior fluxo de africanos escravizados entre os séculos XVI e XIX e destino de grandes correntes imigratórias (italianos, japoneses e outros) no início do século XX. Essa história nos marcou, tanto por uma miscigenação bastante rica quanto por profundas cisões e preconceitos nas relações dentro de nosso povo. Vivemos, assim, situações de permeabilidade e tolerância, onde o diferente é acolhido e enriquece cada elemento da troca e, por outro lado, situações de profunda intolerância e hostilidade refletidos em nosso racismo estrutural e conflitos recentes na fronteira entre Brasil e Venezuela. Como essa história tão peculiar se inscreve em nosso psiquismo?

 

Julia Kristeva em livro seminal “Estrangeiros para nós mesmos”³, relata como o pai da psicanálise viveu uma história de migrações e errâncias, condensando em si essa questão fundamental: como enfrentar a inquietação do encontro/desencontro com o outro, sua estranheza e nossa estranheza? Há 100 anos, Freud publicava sua obra mais controversa, que se tornou uma espécie de fronteira: a psicanálise antes de 1920 e após 1920, obra em que ele nos apresenta a pulsão de morte e seus desdobramentos na vida psíquica. A proposição da presença da destrutividade no humano e constitutiva da ordem do sujeito e da ordem social pode nos auxiliar a pensar em nosso tema. Vivemos um momento histórico peculiar: no mundo todo, ideários autoritários inspirados no nazi-fascismo, que resultaram tão traumáticos à civilização no século XX, voltam à cena assustadoramente, recrudescendo a intolerância entre os povos e enaltecendo a construção de muros. Considerando o conceito de civilização como “a possibilidade da diversidade das culturas e onde se interpenetram as convergências e divergências, o senso, o dissenso e o contrassenso”², como pensar a barbárie se insinuando em nosso mundo, que acreditávamos, civilizado?

 

Seguindo, pois, o caminho aberto desde nossa I Bienal, vamos atravessar as fronteiras entre os campos do saber e realizar nossa V Bienal de Psicanálise e Cultura, proporcionando o diálogo e debate entre pesquisadores, pensadores e artistas, acreditando que esse é o caminho contra a barbárie: o caminho da reflexão, da produção de conhecimento e de arte, pois assim potencializamos as relações humanas, utilizando a imaginação, a criatividade e a expressão poética.

 

Referências

1 – PENA, Rodolfo F. Alves. “Limite e Fronteira”; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/geografia/limite-fronteira.htm. Acesso em 28 de julho de 2019.

2 – Oliveira, Ronaldo Magalhães – A arte contra a barbárie: construção do discurso na dramaturgia de Novas Diretrizes em tempos de Paz. Salvador, 2016, dissertação de mestrado (UFBa).

3 – Kristeva, Julia – Estrangeiros para nós mesmos, Editor Rocco, 1994.

 

Programa Científico

Guiomar Papa de Morais,
Coordenadora da Comissão Científica

 

O ser humano, este migrante por natureza, curioso, arrojado, mutante, carrega consigo o mistério de sua origem. Em seu longo percurso na civilização, vem conquistando grandes descobertas, incríveis avanços científicos e tecnológicos, em diferentes áreas do conhecimento, que vêm lhe garantindo sua sobrevivência. Nesse percurso é senhor também de grandes disputas, guerras ideológicas, religiosas, econômicas, deixando rastros de destruição e sofrimento. Tão antiga quanto a história da humanidade é a busca de compreensão de seus anseios para a criação e disrupção.

 

A psicanálise nasceu em um contexto clínico e embora Freud tenha desenvolvido a teoria metapsicológica e o método psicanalítico, tendo como conceito central o inconsciente, abrindo substancialmente um universo de compreensão do psiquismo do ser humano em um âmbito individual, desde seu início, estabeleceu intersecções e produziu indagações epistemológicas, contribuindo e dialogando com a medicina, mitologia, filosofia, história, literatura e a arte. Em 1921¹, Freud assim escreve: “A oposição entre psicologia individual e psicologia social ou coletiva perde grande parte de sua significação quando a submetemos a um exame mais detido. A psicologia individual, certamente, se refere ao homem isolado (…), mas só muito poucas vezes e sob determinadas circunstâncias excepcionais lhe é dado prescindir das relações (…) com seus semelhantes. Na vida psíquica individual, com efeito, o ‘outro’ aparece sempre integrado (…) e deste modo a psicologia individual é, desde o início, psicologia social”. Renato Mezan² o define como um pensador da cultura e citando Adorno conclui: “justamente ao se deter obstinadamente na existência atomística do indivíduo, Freud conseguiu ver muito mais da essência da socialização do que a superficial olhadela de outros sobre as circunstâncias sociais”.

 

O programa científico da V Bienal, em comemoração aos cem anos do emblemático artigo de Freud, “Além do Princípio do Prazer”, traz no centro das reflexões o ser humano através de temas que vem atravessando sua história, enfocando as relações humanas no que tange as fronteiras eu <=> outro e suas repercussões no contexto social.

 

Destacamos nesta apresentação, a conferência “Cem anos do ‘Além do Princípio do Prazer’”, de Ignácio Alves Paim Filho, psicanalista estudioso da obra de Freud. Paim vem fazendo importantes atualizações sobre a metapsicologia freudiana e de consagrados conceitos psicanalíticos, como a pulsão de morte, e tem como proposta ampliar nossa compreensão do assim chamado por ele: o bicho homem³.

 

O programa completo pode ser conferido aqui ou acessando a seção “Programa” do Menu. Ao longo dos próximos meses apresentaremos os outros temas e convidados. Vamos assim nos aquecendo para que nosso evento seja o lugar de ricas discussões e trocas de experiências.

 

1- Freud, S. (1921) Psicologia das Massas e Análise do Eu. In Obras completas Sigmund Freud, V. 15, São Paulo, Cia das Letras, 2016.

2- Mezan, R. (1985) FreudPensador da Cultura. Editora Brasiliense.

3- Paim Filho, I. A. (2019) Inconfidências Metapsicológicas Das Unheimliche, Editora Sulina.

Programa

Organização

Comissão Permanente das Bienais

 

Coordenação:
Lia Fátima Cristóvão Falsarella
Adriana Vilela Jacob Francisco
Ana Rita Nuti Pontes
Cybelli Morello Labate
Julio César Tadeu Chavasco Labate
Maria Aparecida Garcia Galioti Brossi Pelissari
Mauro Campos Balieiro
Patrícia Rodella de Andrade Tittoto

 

                                                                                                       Comissão Geral da V Bienal

 

Coordenação geral:
Josimara Magro Fernandez de Souza
Mauro Campos Balieiro

Comissão científica:
Guiomar Papa de Morais
Cybelli Morello Labate
Ana Cláudia Gonçalves Ribeiro de Almeida
Denise Zanin
Josiane Barbosa Oliveira
Luciano Bonfante
Luiz Celso Castro de Toledo
Maria Aparecida Sidericoudes Polacchini

Comissão cultural:
Denise Lopes Rosado Antonio
Patrícia Rodella de Andrade Tittoto
Julio César Tadeu Chavasco Labate
Maruzza T. Cerchi Borges Fonseca
Silvana Mara Lopes Andrade
Angela Kaline Mazer
Luzdalma de Maio Barbosa Vieira
Alessandra Paula Teobaldo Stocche
Ana Regina Morandini Caldeira
Maria Bernadete Figueiró de Oliveira
Marta Dominguez Sotelino
Cristiana Del Guerra Prota Crippa

Comissão de infraestrutura:
Fabiana Elias Goulart de A. Moura
Marta Maria Daud

Comissão de secretaria:
Maria Aparecida G. G. B. Pelissari

Comissão de divulgação:
Adriana Vilela Jacob Francisco
Marystella Carvalho Esbrogeo  

Cartazes

Vanderlei de Souza Jr.

Vanderlei tem a Odontologia como sua ocupação profissional e a Fotografia como meio de expressão. Iniciou sua jornada no mundo fotográfico nos primeiros anos da década de 2000 e logo se tornou obcecado com os fundamentos de uma boa foto: iluminação, equilíbrio, composição e uso do espaço. Realizou diversos cursos de técnica e composição fotográfica e se abastece do contato e da experiência com as mais variadas formas de arte e cultura para realizar seu trabalho fotográfico.

Fotografia de rua e fotografia autoral são as áreas que mais lhe atraem e para as quais dedica mais atenção.

Possui fotos aceitas em concursos de fotografia pelo país e recentemente fotografia de sua autoria foi premiada como Destaque da Crítica na 47ª Semana de Arte de Portinari, em Brodowski (SP).

Noemi Jaffe

Noemi Jaffe é escritora, professora de literatura e de escrita e crítica literária. Doutorouse em Literatura Brasileira pela USP. Publicou “O que os cegos estão sonhando” (Ed. 34-2012), “A verdadeira história do alfabeto” (Companhia das Letras – 2012), vencedor do Prêmio Brasília de Literatura em 2014, “Irisz: as orquídeas”(Companhia das Letras – 2015), “Não está mais aqui quem falou”(Companhia das Letras – 2017) e “O que ela sussurra”, entre outros. Desde 2016, mantém o Centro Cultural Literário Escrevedeira, em parceria com Luciana Gerbovic e João Bandeira

Ana Rita Nuti Pontes

Psicanalista. Membro Associado da SBPSP e Membro Efetivo com função didática da SBPRP.

Catharina Conte

Catharina Conte divide nos papéis de atriz, diretora, performer, professora de teatro e filmmaker e se define como Multiartista. Graduou-se em Produção Audiovisual pela PUCRS e concluiu o Bacharelado em Teatro com ênfase em atuação na UFRGS. Seu trabalho COMO SOBREVIVER AO FIM DO MUNDO foi premiado com Melhor Atriz e Direção Revelação Prêmio Açorianos em 2014. Estudou na New York Film Academy, em 2010 em Los Angeles. Em julho de 2016, estudou com Berty Tovias em Barcelona. Em 2016, Catharina dirigiu “CLOSER: o amor é suficiente?” de Patrick Marber, encenado no Sul do Brasil. Em 2018, se mudou para Londres em busca de novas trajetórias artísticas. É colaboradora do grupo LegalAliens Theatre e StoneCrabs Theatre. Dirigiu o show “THE SKY FIVE MINUTES BEFORE A STORM”, da brasileira Silvia Gomez, apresentado recentemente no Southwark Playhouse, em Londres.

Cláudio Laks Eizirik

Analista Didata da Sociedade Psicanalitica de Porto Alegre
Professor Emérito de Psiquiatria da Universidade Federal do Rio Grande do Sul
Ex Presidente da IPA e da FEPAL
Prêmio Sigourney de Psicanálise, 2011
Autor de trabalhos, capítulos e livros sobre a formação, a prática e as instituições psicanalíticas, o processo de envelhecimento e as relações da psicanálise com a cultura e a psiquiatria.

Eliane Grass Ferreira Nogueira

Psicanalista, membro associado da Sociedade Brasileira de Psicanálise de Porto Alegre, diretora científica gestão 17/19, membro da diretiva Fepal 21/22, membro fundador e ex-coordenadora do Projeto Ubuntu (Bolsas Formação para colegas negros, negras e indígenas), artigos publicados na Revista Brasileira de Psicanálise, Revista da SBPdePA e da SBPSP e no Observatório Psicanalítico (Febrapsi)

Khadim Ndiaye

Khadim Ndiaye é senegalês, residente no Brasil. Artista da dança, coreógrafo e educador. Apaixonado pelos impulsos criativos do corpo. Formado em dança africana contemporânea e neoclássica na academia de dança Alvin Ailey – Senegal (2015) Khadim começa sua trajetória artística através do teatro. Em 2006 passa a integrar a grande Cia Ballet Silaba, com quem desenvolve as danças tradicionais de Guiné e com quem participa de diversas criações e festivais. Teve formação clássica com o Ballet André Lorenzetti no Senegal. Participou do Festival de Artes Negra junto ao Ballet Nacional do Senegal – La Linguère em 2010. Desde 2012 é integrante da Cia SeneAfrica, direção de Ibrahima Sarr. Premiado em primeiro lugar no concurso Oscar de Vacances (2010 e 2014) Em 2014 participa de sua primeira formação na École des Sables, da consagrada bailarina, coreógrafa e pedagoga Germaine Acogny. Berço da dança africana contemporânea no Senegal, a École des Sables segue até os dias de hoje sendo sua morada de pesquisa e desenvolvimento coreográfico. Co- fundador e coreógrado da Cia Dáll Déllu, conexão Brasil – Senegal, com a qual realizou os espetáculos Amálgama (2020) e LIILA (2021). À partir de 2017 passa a contribuir com Cia’s na Europa e no Brasil, como PARSYIAM (2018) e Ibeu lo (2019)

Lorena Preta

Psicanalista IPA – membro Italian Psychoanalytical Society (SPI)

Lorena Preta é psicanalista italiana, Membro da Italian Psychoanalytical Society (SPI) e da International Psychoanalytical Association (IPA).

Graduou-se em Filosofia na Universidade La Sapienza de Roma com uma tese fora da faculdade em Psiquiatria intitulada Trabalho em grupo nas instituições . 

Diretora da International Research Group Geographies of Psychoanalysis.

Ex Editora-Chefe da Psiche (Journal of Psychoanalysis and Culture of the SPI).

Durante muitos anos foi Consultora Científica e Diretora da Spoletoscienza (Encontros de Ciência e Cultura no “Festival of Two Words” em Spoleto).

Autora de muitas publicações, algumas também publicadas no exterior. As últimas:

Dislocated Subject (2009), The Brutality of Things, Psychic Transformations of Reality (2015), Prendersi Cura (2020).

Marcelo Gleiser

Marcelo Gleiser é um cientista de renome internacional, professor titular de física e astronomia no Dartmouth College, doutorado pelo King’s College de Londres. É autor de mais de 100 artigos especializados e milhares de ensaios, publicados desde o New York Times à revistas infantis. Detentor do Presidential Faculty Fellows Award, dado em 1994 pelo então presidente Bill Clinton, conselheiro geral da Sociedade Americana de Física, vencedor de três prêmios Jabuti, autor de 15 livros com traduções em 17 línguas, presença em diversos documentários e séries de TV no Brasil e no mundo, colunista da Folha de São Paulo de 1997 a 2018, ex-diretor do Instituto de Engajamento Interdisciplinar do Dartmouth College. Marcelo é um dos intelectuais públicos de maior impacto no pensamento contemporâneo brasileiro e mundial.  Em 2019, foi o primeiro latino-americano a vencer o Prêmio Templeton, um dos mais prestigiosos do mundo, dado também à Madre Tereza de Calcutá e Dalai Lama, dentre outros.

Maria Luiza de Araújo Gastal

“Maria Luiza Gastal – Psicanalista da SPBsb, professora assistente do Instituto de Psicanálise Virginia Leone Bicudo, membro do Comitê de Clima da IPA. Bióloga, doutora em Ecologia pela Universidade de Brasília,  professora aposentada da UnB.”

Lattes: http://lattes.cnpq.br/2848198350526854

Mirian Malzyner

Psicóloga, Psicanalista, Membro efetivo e analista didata da SBPSP

Atualmente, membro da Diretoria de Cultura e Comunidade da SBPSP

Coordena seminários clínicos e teóricos sobre Psicanálise e Arte, tendo artigos e capítulos de livros publicados nessa interface.

Desenvolve atividades em Desenho e Ilustração.

Autora e ilustradora de dois livros infantis, publicados pela Editora Estúdio Aspas: “A grande vitória” e “Nara, a menina invisível dos olhos fugitivos”

Nurit Bensusan

Bióloga, Profa. Dra. Pesquisadora do Instituto Socioambiental

MESA – “Um sussurro da Esperança”

A ideia de termos na VI Bienal da Psicanálise e Cultura da SBPRP uma mesa que contemplasse a esperança surgiu a partir do contato com o artigo de Hanna Segal “O silêncio é o verdadeiro crime” (1971). Segal faz referência à Nadedja Mandelstam que foi casada com Óssip Mandelstam, um dos mais importantes poetas russos, que morreu em 1938, faminto e enlouquecido, depois de ter sido perseguido pelo regime stalinista. Seus poemas sobreviveram graças a sua viúva que os sussurrou dia após dia, incansavelmente, a fim de memorizá-los e posteriormente publicá-los.

Na tentativa de nos aproximarmos do sofrimento e das motivações de Nadedja e Óssip, encontramos no livro “O que ela sussurra”, da professora e escritora Noemi Jaffe, uma das palestrantes desta mesa, inspiração para sonharmos o amor, a dor e a luta por um mundo justo e humano. Seguindo nessa direção, o artigo da psicanalista e nossa outra convidada, Miriam Malzyner, “ Sobre Memoriais: a necessidade de lembrar e o desejo de esquecer” traz instigantes questões sobre a elaboração do luto e da necessidade de mantermos viva a memória das experiências vividas. Miriam propõe a construção de memoriais no lugar dos monumentos.  Certamente, será um momento único da VI Bienal. Aguardamos vocês!

Renan Barbosa

UMA TRAJETÓRIA SINGULAR

Já se vão 34 anos desde que Renan Barbosa iniciou sua carreira artística, participando de um festival de MPB com uma canção de sua autoria. Paraibano de Campina Grande, ele passou, desde então, a dividir seu tempo entre duas grandes vocações: a música e a psiquiatria — especialidade médica que ele concluiu em 1993, no Hospital das Clínicas da USP de Ribeirão Preto.

Naquela época, Renan já deixava claro seu caráter múltiplo e singular. E pelo interior paulista levou seus projetos musicais a teatros, casas de shows e unidades do Sesc. Até que, em 2005, mudou-se para a capital paulista, onde reside até hoje.

Na cidade de São Paulo, Renan expandiu as parcerias de criação e se cercou de grandes músicos e produtores, alcançando maior visibilidade e consolidando uma sólida trajetória, sem se desgarrar das raízes nordestinas.

Em 2011, foi o idealizador, produtor e um dos intérpretes do show Os homens de Chico, com foco nos personagens masculinos das canções de Chico Buarque, em três sessões com ingressos esgotados no teatro do Sesc Pompeia.

Em 2012, como integrante do Coletivo Cabeu (ao lado de Adriana Petroni, Mário Martinez e Fabio Cadore), lançou o EP homônimo, com show no SESC São Carlos. Por mais de dois anos, o grupo se reuniu para compor a oito mãos. Renan gravou várias canções do grupo.

Somente em 2014, quando somava 25 anos de trajetória musical, o artista lançou seu primeiro álbum, A voz do agora. O projeto teve direção musical de Dino Barioni, participações especiais de Toninho Ferragutti e Mário Manga, fotografia de Gal Oppido e incluiu composições inéditas de Fred Martins, Francisco Bosco, Alice Ruiz, Mário Martinez, Cassandra Véras, Coletivo Cabeu, entre outros.

Em 2019, gravou o EP Não sou melhor do que tu, no qual incorporou uma estética roqueira, inspirado nos ídolos Cássia Eller e Cazuza. Nesse meio tempo, estreou o show Do desejo, a partir do cancioneiro de Chico Buarque (personagens femininas) e poemas de Hilda Hilst. Com esse show, esteve em palcos de São Paulo e da Paraíba por três anos, não sem dar vazão a outros espetáculos, como Viço, Singularplural, Se todo mundo sambasse seria tão fácil viver, A vida se alarga quando um ponto finda e Passagem da noite.

No ano de 2019, fez uma participação no álbum A babel dos bichos, projeto infantil de Mário Martinez & Adriana Petroni, com a música Tô com a macaca.

No final de 2021, lançou o EP “Humano, demasiado insano”, apresentando músicas que, de alguma forma, refletem os conflitos do ser humano contemporâneo em relação ao tempo, aos seus desejos e ao seu papel no planeta. Tem feito shows em torno do deste EP, com sua banda.

Renata Martelli

Atriz; Arte-educadora; Contadora de Histórias; Performer; Direção Teatro e Cinema-Vídeo; Produtora. 

Bacharel em Cinema-Comunicação (FAAP-SP) /Fundadora do Grupo de Teatro LOS MUCHOS tchá-tchá-tchá (desde 1997) /Atriz em espetáculos teatrais com Grupo Fora do Sério, Cia. Cornucópia de Teatro, Cia. Balaco do Baco, Cia Dalapagarapa./ Participação como atriz e contadora de Histórias na Feira do Livro de Ribeirão Preto: Espetáculos Encerramento com  Duo de Acordeonistas Gilda Montans e Meire Genaro sobre Cora Coralina e sobre Mário de Andrade- SAM 22 e outros/ Espetáculo “O que é que a Carmen Miranda tem?” com Sexteto Colibri- Dir.: André Cruz/ Foi Emilinha  em “As Cantoras do Rádio”; Dir. Renato Grecco/ Performances teatrais e vídeo-arte junto à SBPRP- Sociedade Brasileira de Psicanálise de Ribeirão Preto (SBPRP), participando do  Congresso Internacional de Bion- Ribeirão Preto em 2018 e Espanha -2020. E outros eventos da SBPRP/ Prêmio de Melhor Atriz Festival de Vídeo R.G. do Sul/  Indicação Melhor Atriz  “Romeu  e Julieta”./ Filme: “O Nariz”- com Grupo Fora do Sério- Dir.: Jonas Golfeto/ Professora de Teatro Escola Miró / Biblioteca e Histórias – Escola Semente/ Diversos trabalhos artísticos: SESC; Escolas; Universidades; Festivais e outros.

Vladimir Safatle

Vladimir Safatle, professor titular da Universidade de São Paulo, psicanalista, professor convidado das Universidades de Paris 1, Paris 7, Paris 8, Paris 10, Toulouse, Louvain, Essex e visiting scholar da Universidade de Califórnia- Berkeley. É coordenador do Laboratório de Teoria Social, Filosofia e Psicanálise (Latesfip/USP), autor de vários livros sobre psicanálise, filosofia e política. Um de seus últimos livros ” Neoliberalismo como gestão do sofrimento psíquico” foi finalista do prêmio Jabuti 2022.

Leopoldo Fulgencio

Leopoldo Fulgencio. Professor Associado (Livre-Docente) do Instituto de Psicologia (USP). Autor de O Método Especulativo em Freud (2008, EDUC), Freud e Mach. Influências e Paráfrases (2016, Concern), Por que Winnicott? (2016, Zagodoni) e Psicanálise do SER (2020, EDUSP). Organizador, junto com outros colegas, de Freud na Filosofia Brasileira (2004, Escuta), A Fabricação do Humano (2014, Zagodoni; Prêmio Jabuti de 2015), Amar a si mesmo e amar o outro. Narcisismo e sexualidade na psicanálise (2016, Zagodoni; finalista do Prêmio Jabuti de 2017), A bruxa metapsicologia e seus destinos (Blucher, 2018, onde reúne seus artigos publicados no International Journal of Psychanalysis em seu diálogo com Simanke, Imbasciati e Girard, sobre a metapsicologia), Modalidades de pesquisa em psicanálise: métodos e objetivos (Zagodoni, 2018), Objetivos do tratamento psicanalítico (2020, Concern), Psicanálise do Ser. A Teoria Winnicottiana do Desenvolvimento Emocional como uma Psicologia de Base Fenomenológica (2020, EDUSP-FAPESP). Ex-coordenador do Grupo de Trabalho Psicanálise, Subjetivação e Cultura Contemporânea (de 2014 a 2017) da ANPEPP (Associação Nacional de Pós-Graduação em Psicologia); ex-coordenador do Grupo de Trabalho Filosofia e Psicanálise (de 2004 a 2006) da ANPOF (Associação Nacional de Pós-Graduação em Psicologia; Editor da Revista de Filosofia e Psicanálise Natureza Humana (de 2006 a 2009). Coordenador do Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Aprendizagem e do Desenvolvimento Humano do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo.

ORCID: https://orcid.org/0000-0001-5730-7626

Email: lfulgencio@usp.br

Ligiana Costa

Ligiana Costa é brasiliense, nascida em São Paulo. Estudou canto lírico na UnB e fez especialização em canto barroco em Haia, na Holanda. De lá, seguiu para a Itália onde concluiu mestrado em filologia musical da renascença e idade média em Cremona e depois para a França, onde fez doutorado sobre ópera barroca junto ao Centro De Estudos da Renascença de Tours em co-orientação com a Universidade de Milão (Itália). Nesta época começou a cantar música brasileira e, logo em seguida, descobriu o gosto pela composição. Fez diversos shows na França e na Itália cantando sambas até que, depois de dez anos de velho mundo, retornou ao Brasil e lançou seu primeiro disco, De amor e Mar, gravado entre São Paulo, Paris e Brasília. Com este trabalho se apresentou em palcos diversos (de Dakar à Garanhuns, da Bulgária a Brasília). Em 2013 Ligiana lançou o disco Floresta, produzido e arranjado pelo maestro Letieres Leite e gravado em Salvador. Desde 2015 Ligiana vem se dedicando ao seu duo de música eletrônica barroca, NU (Naked Universe), em parceria com Edson Secco. NU já circulou pelo Brasil, Estados Unidos e Europa e tem dois discos lançados, o mais recente é Atlântica (2019). Ligiana assinou o programa diário matinal da rádio Cultura FM com enfoque na música clássica e cruzamentos e tem publicado livros ligados aos estudos musicológicos pela editora da Unesp e ministrado cursos sobre ópera e de voz pelo Brasil. Concluiu recentemente pós doutorado pela USP e publicou pela EDUSP o resultado de sua pesquisa, O Corego, premiado com o Prêmio Flaiano (2018) na Itália. Ligiana apresenta e dirige o podcast do Theatro Municipal de São Paulo e também é membro do comitê curatorial da temporada do teatro. Lançou em 2020 o disco EVA, produzido por Dan Maia e inteiramente vocal. Vem se apresentando com este trabalho e foi a única artista brasileira a se apresentar no prestigioso Namm’s Global Livestream Show em 2021. Em 2022 apresentará no Theatro São Pedro de São Paulo seu projeto operístico com produção musical de Dan Maia e Gilberto Monte contemplado pelo Proac.

MESA – “Uma possível pulsão de humanidade”

“UMA POSSÍVEL PULSÃO DE HUMANIDADE” é o tema da mesa da Abertura da VI Bienal de Psicanálise e Cultura da SBPRP.

As psicanalistas Lorena Preta (SPI) e Ana Rita Nuti Pontes (SBPRP), interessadas nos estudos das relações do homem consigo mesmo e com a cultura, nos apresentarão reflexões sobre a possiblidade da existência de uma pulsão de humanidade.

A ideia do ser humano como resultado da aculturação, na qual o inumano era colocado à margem da sua constituição, foi revista a partir dos trabalhos de Freud sobre as manifestações da pulsão de morte. A desumanidade, assim como a inumanidade, passa a ser considerada parte da humanidade de cada um de nós.

Em trabalho recente Ana Rita enfatiza a importância de Eros: “Na esperança de que um diálogo seja realmente eficaz para livrar a humanidade do terrível pesadelo de uma guerra, o diálogo é uma arma poderosa quando aliado à escuta”. Lorena Preta questiona se estamos evoluindo enquanto sociedade ou se estamos criando um aparato tecnológico que, na verdade, acaba por nos afastar do humano que existe em nós.

Podemos pensar ou não na existência de uma pulsão de humanidade na sociedade ocidental moderna?

É com essa temática instigante e incomodativa que abriremos as atividades da VI Bienal.

Contamos com a participação de vocês!

MESA – “Novas considerações sobre a Pulsão de Morte”

Quando Freud formula o conceito de pulsão de morte em 1920, profundas mudanças recaem sobre a psicanálise, alterando a trajetória da compreensão sobre a mente humana, agora apresentada com outra faceta, a da destrutividade e da violência. Contudo, no entrelaçamento destas duas pulsões, teríamos a vida viva, pulsante. Tânatos e Eros fusionadas permitem a sobrevivência do indivíduo e da espécie humana: unir e destruir e unir novamente, a agressão promovendo a vida, desafiando a criatividade e tirando o humano da inércia, em um jogo de forças complexo e permanente.

Como pensar a condição humana, que traz em si vida e morte,  neste momento de tantas crises? Para refletir sobre estes aspectos tão fundamentais que se apresentam nas ações humanas dando forma a múltiplas realidades, contaremos com a presença de:

Leopoldo Fulgêncio, psicólogo, Prof. Dr. USP – São Paulo – Brasil

Wladimir Safatle, filósofo, Prof. Dr. USP – São Paulo – Brasil

MESA – “Humanidades Silenciadas”

A mesa Humanidades Silenciadas propõe-se a discutir o pensamento e os mecanismos que levaram à condição de invisibilidade e silenciamento das obras culturais de homens e mulheres negras na sociedade brasileira desde o século XIX até os dias atuais. Como extensão do tema, traz a apresentação de psicanalistas de Sociedades, envolvidas com programas de ação afirmativa para promover a equidade racial na instituição psicanalítica.

Participam desta mesa a Profª Ana Flavia Magalhães Pinto, historiadora e docente da UnB e as Psicanalista Eliane Nogueira, Membro da SBPdePA – IPA e Josiane Barbosa, Membro da SBPRP – IPA.

MESA – “As humanidades possíveis e o planeta Terra”

“As humanidades possíveis e o planeta Terra” – Maria Luiza Gastal – psicanalista da SPBsb-IPA (Brasília/Brasil) e Nurit Bensusan – bióloga, Profa. Dra. Instituto Humanitas Unisinos (Brasília/Brasil). Ao propor um diálogo entre uma ambientalista e uma psicanalista, esta mesa pretende discutir as relações do ser humano com o meio ambiente. Freud, mesmo em toda sua genialidade, era também um homem de seu tempo, de uma cultura que considerava o Homem um ser superior, senhor da natureza, a quem cabia dominá-la. A contundência, porém, da realidade atual, nos mostra um ser humano ameaçado e ameaçando a existência do nosso planeta. Conceber novas e diferentes formas de relação da espécie humana com seu entorno é uma emergência. Onde e como a psicanálise pode estar implicada nessa nova ótica?

MESA – “Por que, ainda, a Guerra?”

“Por que, ainda, a Guerra? –   Marcelo Gleiser – físico, Prof. Dr. Dartmouth College (online, Hanover/EUA) e Cláudio Eizirik – psicanalista da SPPA-IPA (Porto Alegre/Brasil). Em 1932, Einstein pergunta a Freud “Existe alguma forma de livrar a humanidade da ameaça da guerra?”  A questão que continua ecoando em nossos dias inspira a mesa que propõe um diálogo a respeito da destrutividade humana. A urgência de se explorar a complexidade dessas ações movidas pelo ódio, nos impõe a necessidade de considerar qual o compromisso ético da ciência, da arte, da cultura e da psicanálise frente à constante e inesgotável ameaça de guerra.

Ana Flávia Magalhães Pinto

Professora do Departamento de História – UnB
Coordenadora Regional Centro-Oeste do GT Emancipações e Pós-Abolição – Anpuh
Diretora-Geral do Arquivo Nacional (Brasília/ Brasil)
Integrante da Rede de Historiadoras Negras e Historiadores Negros Colunista Presença Histórica – UOL